
eu não sei o que está acontecendo. que merda é essa que o mundo está vivendo, e não estou falando do que é óbvio. porque é óbvio que essa coisa que está colocando todos de castigo dentro de casa, travando uma porrada de ações, de milhares de milhares de pessoas, está e vai continuar fazendo um estrago grande, mas o que sobra agora? o que faremos agora? todos os dias uma quantidade infinita de listas de desejos e tarefas para dar “check”. todos os dias, um jeito novo de se reinventar. e eu.. eu já nem sei mais que outro avesso dá. já revirei todos os meus avessos, percebes o caos? estamos todos presos dentro de casa, viciados em encontrar uns vários jeitos novos de ser quem somos, para tornamos a ser quem eramos lá fora. notas a ironia? esse negocio está nos enlouquecendo, percebes? agora que estamos todos aqui, juntos e impressionantemente, ainda mais separados. faz sentido? isso é relativo! hoje, notei que tenho medo. medo de quanto tempo mais levaremos nesse infortúnio. não estávamos preparados para lidar com isso. bem verdade, que nunca estamos de fato preparados para muita coisa mesmo. mas dessa vez, essa coisa, tá muito foda! também tenho medo do que vai sobrar de mim, de nós, de todo mundo. o mundo parece que resolveu dar um “reset”, mas não deletou nossas vidas. estamos todos flutuando na nuvem desse sistema infectado, aguardando um novo “download”, entende? sei que vai passar. mas quando? eu não sei . estamos tentando. acredito que estamos tentando, dessa vez, de verdade. mesmo com opiniões adversas, brigando muito, estamos tentando. mesmo sabendo de tudo, o tempo todo, até demais. [meu Deus, eu já não aguento mais saber tanto disso]. pois é, acho que estamos todos exaustos disso. exaustos! é isso, não aguentamos mais. porém, seguimos. cada um na sua casa. cada um no seu cômodo. cada um no seu canto. cada um com o seu suspiro.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Victor Moriyama)