Ele sabia que não tinha mais que duas opções de escolhas. Ou ficaria ali caído no chão do quarto, no escuro, remoendo tudo o que tinha dado errado, com tudo o que o decepcionara, com todas as vozes de cobrança e sarcasmo, contanto-lhe enumerado todos os seus fracassos e desolações. Ou ele levantaria, ascenderia a luz do seu calabouço interior, abriria as janelas, encararia aquela balbúrdia, daria um jeito, qualquer que fosse este jeito e seguiria em frente.
Por quê a vida é o que acontece lá fora e a esperança é a longa jornada adiante, que percorremos para dentro de nós. Ele entendera isso. As incertezas ainda estavam lá. A exaustão lhe cobrava desistência. Mas havia havia também a sede pela vida, suplicando por esperança.
Enfrentara tantas decepções, que se esquecera de sua própria força. Foram tantas perdas, tantos recuos, que se esquecera da sua coragem. E a vida faz isso mesmo, nos apanha de jeito, muitas vezes desprevenidos, e nos arrebenta sem dó. Muitas vezes, atropela os nossos prazos, objetivos e sufoca alguns sonhos tão nossos. É quase cômico pensar, que tragédias dessas fazem parte da vida, mas fazem, é fato. E ele tinha que dar um jeito de erguer-se, mesmo todo estropiado, se arrastar, se fosse necessário, só não podia parar, ficar ali derrotado.
Por quê a vida não espera a recuperação, a vida é a esperança pela continuação. Todos os dias, com sol ou com chuva, o tik-tok do tempo segue a sua jornada também, sem parar, sem esperar, sem recuar. E ele também tinha que prosseguir a sua jornada em frente, sempre em frente.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / British Columbia, Canada)
reescrevo 