tudo o que queria

Tudo o que queria era o olhar de admiração. Tudo o que queria era as primícias do amor que ouve, fala a verdade, fica apesar de todos os defeitos, de todas as armadilhas da vida, de todas as razões que tramam contra.

Não lhe bastava os clichês dos livros de romance ou o que era óbvio e perfeito nos filmes. Aspirava os clichês e a imperfeição da vida de verdade, a desordem do dia a dia, a mistura das diferenças, a segurança, dentre todas as incertezas da prática. Cobiçava o que era chato, as crises de ciumes bobo, o natural do entrelaçar dos dedos, o aquecer dos pés no outro, as discussões sem motivos, o tesão depois das brigas bobas.

Não lhe bastaria os fins de semanas fantasiados de vida ideal, com muitos amigos, bebidas, salto alto e maquiagem pesada. Prezava-lhe a segunda a sexta-feira, a rotina, o cabelo embaraçado, o companheirismo depois do trabalho, os improvisos na cozinha, o aconchego jogados de moletom no sofá da sala, o amor em cima da mesa, do tapete, do chuveiro… a troca de olhares no espelho do banheiro.

Veneraria a intimidade. A intimidade que faz compreender nos detalhes, nos jeitos, nos defeitos quem o outro é. Intimidade que não julga, não condena, não abandona, apesar de tudo, porque conhece. Intimidade que partilha os obscuros da alma, que rasga o peito sem medo, que chora, que grita, que silencia, que liberta. Intimidade que torna suficiente, mesmo faltando um tanto de partes. Intimidade para ser lar, dentre um mundo inteiro de opções.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Pinterest)

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