
quando tudo isso passar, o que restará de nós? quando tudo isso passar, o que faremos melhor? quando tudo isso passar, quem seremos enfim? será que esse tempo isolado, está mesmo causando mudanças internalizadas de comportamento ou acrescentando ainda mais ansiedade, preocupações e dúvidas? será que estamos sabendo como evoluir em tempos tão incertos? será que estamos só escrevendo e falando de amor, saudade, abraços e beijos? será que quando tudo isso passar, seremos a prática ou ainda seremos as palavras, as listas e dissertações? não sei… não sei! a sensação temorosa que percorre as minhas veias, indica que a vida parou, mas o ponteiro do relógio continua girando. sinto que estamos paralisados pela circunstância que apavora o mundo do outro lado da janela, contudo, tudo o que diz respeito a nossa vida, continua acontecendo dentro de nós, dentro das nossas individualidades. estamos presos para preservarmos a vida, mas a vida dentro de nós já estava findando quando éramos livres. que ironia, não é? quando podíamos tudo, fazíamos sempre tão pouco ou só o suficiente para sobreviver mais um dia. agora que não podemos fazer quase nada, sonhamos e desejamos fazer tanto para viver a tal da vida. isso não é só uma critica, é um apelo: o que mais precisaremos para aprender a viver a vida simples? a valorizar as coisas que realmente valem alguma coisa? a preservar o contato – olho no olho, pele na pele? se analisarmos bem, a unica coisa que mudou, foi o fato de não podermos circular tão livres por aí, porquê a vida já praticamente toda online já era uma realidade, não era? quantos abraços, beijos, conversar olho no olho evitávamos no dia a dia. eis aqui um ponto importante: será que ainda evitamos? será que quando tudo isso passar, isso vai mudar? ou voltaremos, a ter as cidades cheias, o orgulho das capitais que não param vinte e quatro horas, milhares de pessoas lado a lado e ainda assim, inexpressivas, estranhas, indiferentes? será que estamos mudando de fato ou ainda seremos os mesmos?
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Marcelo Brandt)