
Quantas vezes viver é como estar no meio de uma arena, cheia de outros grandes desafiadores e com uma platéia imensa prontinha para te apoiar ou te vaiar. Tudo há de depender do prazer que vai lhes promover, seja apanhando muito ou os surpreendendo no mesmo tanto, quando de ti não esperam absolutamente nada ou esperam impressionantemente muito.
Há de ter muita coragem para enfrentar os olhares julgadores, daqueles que espreitam os teus dias de fracasso, que contam com os teus dias de solidão, que esperam ansiosamente pelos teus dias sujo, rasgado, esfarrapado para lhes fazerem graças.
Tentei encontrar um jeito de descrever a realidade de forma poética. Mas como? A realidade, a pura e concreta realidade é terrível, caótica, um verdadeira ruína, um palco feito de cimento, cinza, duro, rústico demais, esperando seus atores para a luta, para a vaia ou para contemplação apaixonada. Não tem garantias. Não tem promessas. Tem cheiro de sangue. Tem chuvas de lágrimas. Tem noites em solitárias. Há solidão.
Não dá para romantizar a vida dos que se lançam ao incerto dos resultados. Que lutam, mesmo não tendo certezas se vencerão. Que mostram o próprio rosto, que se mostram inteiros, ainda que nada lhes provem dignos, merecedores, capazes.
A vida é bela. É sim, até a hora que você decidi encará-la de frente. Se jogar aos desafios, se encarar, se mostrar. Sair da zona de conforto. Sair de cima do muro. Expressar sua verdadeira opinião das coisas. Desagradar quem quer que seja. Virar do avesso. Tirar a máscara. Tirar a venda. Tirar a armadura. A vida é bela sim, até decidir ser puramente você com todos os teus feitos, defeitos e intentos.
Dá medo. Eu sei. Eu estou apavorada! Mas tem outro jeito de viver a vida de verdade? Não sei. Ainda não sei.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Jama Jurabaev)