
Talvez eu tenha me perdido vezes demais para hoje me sentir segura em lugares tão conhecidos. Às vezes, me torturo por me sentir tão desconectada dessa casa, dessa cidade, dessa país. Sinto culpa por não me sentir em casa, onde sempre fora a minha casa. Ainda busco possíveis explicações para explicar meu desconforto, algo que faça sentido, que justifique de forma coerente o que quer que seja isso. Eu não tenho memórias de quando fui feliz aqui, não tenho memórias de quando fui eu de verdade aqui, e penso que essa seja a melhor das hipóteses para explicar tal angustia. Felicidade é ser quem você verdadeiramente é, em qualquer lugar que você esteja. Não culpo ou procuro respostas nas pessoas daqui, porquê sei que fizeram tudo o que podiam, o melhor que conseguiam, deram o que tinham. Não tem nada a ver com eles, e sim tudo a vê comigo mesma e as minhas inconstâncias. O medo da rejeição faz coisas estranhas com a gente. O medo de não ser amado nos obriga a ser alguém que não somos e aprisiona quem somos dentro da gente. Por vezes, me sinto uma boneca de porcelana: intacta, lábios rubros, cabelos lisos, sem manchas, perfeita… não chora, não grita, não se machuca, se cair – levanta rápido e sozinha, não pede ajuda, sabe como se virar sempre, não precisa de colo, não precisa de cafuné, não precisa de abraços, não mostra suas fraquezas e nem expõe seus medos, não bebe, não fala errado, não da gargalhadas altas, raramente sorrir, nunca cometeu grandes erros e não vai cometê-lo… mas está não sou eu… não a eu de verdade, está foi a versão criada para ser amada.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Pinterest)