
Que ele a amava. Ele a amava mais do que a sua própria vida. Que não haveria em todo o mundo outra mulher como ela, que o fizesse se sentir tão tudo e tão nada diante de todas as possibilidades da vida. Ele a amava e ela lhe fazia sentir-se grande mesmo pequeno. Ele a amava tanto que a percebia pequena e tornava-a grande. Ele a amava e sabia que nenhuma outra poderia ocupar aquele espaço que era dela, que precisava dela, na sua vida, na sua casa, na sua alma.
Que ele era apaixonada pelos detalhes dela. Que todas as flores não eram formosas como as curvas dela, como o tom bronzeado da pele dela, com a cor dos olhos grandes castanhos dela. Que nenhum pássaro no mundo, tinha um espirito tão livre e tão simples como o dela e era isto, entre muitos outros motivos que o fazia completamente entregue à ela, dependente dela, conquistado de todas as formas que alguém pode conquistar alguém, por ela. Dentre todas as escolhas de ser livre por aí, ela o escolhia para ser a sua liberdade e ele amava a liberdade dela, mais que a sua própria liberdade.
Que ele morreria por ela. Levaria tiros por ela. Mataria por ela. Assim louco e inconsequente, mas faria tudo o que precisasse por ela, para fazê-la segura, para fazê-la feliz. Não importaria os dias cinzas, as crises terríveis, as perdas, as raivas, os desentendimentos, os desacordos, os desencontros, os fins… só importava-lhe os começos, os meios, os jeitos que poderia dar para fazer dar certo com ela. Ele a amava o bastante para fazer tudo para dar certo com ela.
Que ele a amava. E não havia nada no mundo que o salvasse desse amor por ela. Pensava nos votos que um dia recitaria no altar, diante do juiz, dos seus pais e amigos e mudaria aquela última frase. Não poderia prometer o seu amor “até que a morte o separe”, pois não imaginava uma vida sem ela nem após a morte. Que ele ainda a amaria mesmo se a morte a levasse de seus braços, de seus dias, de sua rotina. Não podia sequer imaginar uma vida sem ela. Por isso, amava de janeiro a janeiro cada pedacinho dela, a cicatriz da primeira vez que caiu de bicicleta, a pinta entre os seis, as ruguinhas no canto dos olhos quando sorria… amava em cada minuto que contava-lhe as histórias longas, em cada piada sem graça, em cada dia de silêncio ensurdecedor, em todos os dias de mau humor, em cada dia de entusiasmado, em cada ausência, em cada gargalhada exagerada… ele a amava. Amava profundamente.
Que ele a amava. Ele a amava em cada segredo, em cada ciúmes, em cada incerteza, em cada intimidade. Ele não poderia dividir seus orgasmos, seus gemidos e fantasias com mais ninguém. Ele era dela na cama, na rua, no mundo inteiro. Amava o jeito que se mexia, que se entregava, que cravava as unhas nas costas, que sussurrava baixinho que ela era dele. E ela era! Era dele em cada gota de suor, em todas as respirações, em cada lágrima que escorria quando ele a transbordava inteira. E ele a amava. Amava o jeito do olhar dela, os gemidos baixos dela, o riso dela, tudo que era ela.
Ele a amava.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Pinteres)