partiu porque amava

Na maioria das vezes foi tudo sem querer, entende?

Ninguém que ama em sã consciência planeja machucar o outro assim. Ninguém por mais bravo ou magoado que esteja, deseja ferir o amor da sua vida. É tudo meio que sem querer. A gente perde a cabeça. Deixa as emoções estranhas no domínio e pronto: as piores palavras são ouvidas e cortam em cheio tudo o que vê pela frente.

Quando a poeira abaixa a gente vê o estrago. Os pedaços de quem a gente ama no chão, feitos pedaços picotados de papel. A gente vai perdendo o outro no dia a dia das brigas insanas sem reconciliação, nos pequenos vacilos, nas palavras não ditas e principalmente nas palavras que nunca deveriam ser nem ao menos pensadas, olhe lá, faladas em voz alta. Ah se tivéssemos ideia real do quão poderosas são as palavras. Palavras que fazem amar, sorrir, entristecem e até matam a gente por dentro.

Ela não tinha ido embora tão por nada assim, como muita gente tinha por julgamento. Foi um acumulo de palavras que ficaram por dizer, versos os pedaços dela que foram picotados a cada palavra mal dita, mal pensada, mal expressada. Muitas e muitas vezes, sem a menor intenção de ferir, mas ferindo. Como entender?

Ela foi se perdendo nesses momentos que as palavras venciam as ações e não deveria ser assim, ela sabia. Foram promessas vazias demais. Desculpas superficiais demais. Razões ilusórias demais. E chega uma hora que tudo isso cansa. O problema não era ter essas coisas e sim, tê-las mais que o amor em si, que a recompensa da paz de sentir-se amada e admirada de verdade.

Não eram porradas, surras, espancamentos físicos, era muito pior. Eram torturas emocionais, que não deixam hematomas no corpo, mas deixam feridas profundas na alma que ninguém sequer pode ver. Palavras que faziam sangrar por dentro, que ela já não sabia como ignorar.

Ela amava sim, mas até o amor ilimitado precisou de limites. Partiu porquê amava e já não podia suportá-lo machucando como se ele não a amasse também. Saiu pela porta na madrugada de uma segunda-feira, com lágrimas quietas, para deixar de ouvir aquelas palavras que ele gritava. Escolheu o silêncio da solidão, do que o amor que falava palavras demais.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Pinterest)

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