te escrevo por mim ou me escrevo por você e vice e versa

Aprendi a escrever sobre saudade para suportar a saudade que ainda é tua, entende?

Não podia mais dizer o teu nome por aí. Não podia mais dividir as nossas histórias como quem conta com entusiasmo uma paixão de verão para a amiga com pipoca, brigadeiro e sorriso nos olhos. Não podia mais esperar que voltasse depois que te vi sair pela porta da frente e deixar a chave.

Relutei por dias a fio para entender que o fim, aquele fim especificamente, era para sempre. Levei dias para aceitar aquele para sempre, entre tantos outros para sempre que aceitei que sonhamos juntos. Zilhões de horas tentando encontrar uma boa razão para esquecer, para não mais aguardar e não chorar. Para que me servia tais lagrimas agora? Eu sempre me perguntava, mas tinha mesmo era vontade de ir atrás de você e jogá-las na sua cara. Como você podia ter feito o que prometeu não fazer? A pergunta que sempre me silenciava.

Foi aos poucos que toda aquela dor foi deixando de doer tanto. No começo doía até os ossos e eu até pesquisei no Google, se era possível os ossos doer, porque os meus doía tanto quanto a saudade que de você eu tinha. Acordava de madrugada te chamando e era um vazio do tamanho do oceano não te encontrar na nossa cama. Perdia o sono, é claro! Por vezes, orava baixinho para Deus cuidar do que eu não era mais capaz cuidar e nem podia. Confiava que Ele de ti cuidava e isso me trazia uma paz como quando você ainda era o meu lar.

A casa, por longos meses pareceu ser, só para mim, uma casa grande demais. Senti falta até da tua bagunça, da tolha molhada na cama, dos sapatos jogados na porta, da marca de copo no centro da sala… e quando isso me era consciente, eu falava comigo mesma que agora a sua bagunça completava a organização de outro alguém. Era como enfiar uma faca na minhas costas, porém a verdade, mesmo aquelas bem severas, precisavam ser ditas para me trazer da nostalgia do nós, para a realidade sem você. Era necessário fazer doer, mesmo ainda amando e desejando te profundamente.

Foi ai que passei a te escrever por mim ou me escrevo por você e vice e versa. Para te encontrar de novo nas entre linhas. Para descrever as tuas manias irritantes e trejeitos apaixonantes e te amar apesar de tudo. Para te odiar um pouco menos e te perdoar me perdoando também. Para te entender. Para te aceitar. Para te esquecer. Para te viver um pouco mais. Para te superar de novo. Ou tudo isso junto, não sei. Eu tentei te escrever do lado de fora, o que você escreveu dentro de mim. Todas as vezes que escrevi de saudade, tentei esvaziar a saudade que ainda carrego de ti no meu peito.

Saudades, simplesmente são saudades.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Authentic Love Magazine)

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