
Se durante a semana te esqueço; se aos sábados tento me permitir encontrar algo para ocupar o seu lugar; aos domingos o teu espaço vazio me preenche e sinto e como sinto a tua falta.
Não programo o relógio para despertar, mas ainda acordo naquele mesmo horário que a gente costumava acordar. Você sempre acordava minutos antes de mim e ficava me observando a dormir, até que eu acordava, cheia da preguiça dominical, fazia do teu peito o travesseiro e passeava com os dedos por sua pele, enquanto você mexia no meu cabelo embaraçado. Nós costumávamos a ficar horas do restante da manhã ali, só nós dois, no nosso quarto levemente iluminado pelos raios do sol, que ousavam entrar pelas pequenas frestinhas da janela.
Muitas vezes, não falávamos mais do que um “bom dia”, outras vezes falávamos sobre coisas aleatórias e outras tantas, os nossos corpos conversavam, se completavam e se tornavam um. Os domingos eram os nossos dias favoritos. Não tínhamos hora para acordar, não tínhamos hora para se amar, não tínhamos nada a faltar, porque nós dois juntos era tudo o que bastava.
Depois do meio dia a gente se levantava, ia para o banheiro escovar os dentes, tomar banho e era sempre uma alegria doce. A gente sorria sem precisar dizer coisas engraçadas. A gente se abraçava sem precisar usar a toalha. Enquanto eu arrumava a cama, você colocava a cápsula do meu café favorito na cafeteira. Quase sempre a gente bagunçava a cama de novo e você dizia que amava o sabor do meu beijo com gosto de café com canela.
Ligava o som em uma rádio qualquer e a gente cantarolava músicas aleatórias e você que sempre dizia tão sério que não dançava, me puxava para o meio da sala e conduzia meu corpo por uma coreografia desconhecida.
Quando estávamos prontos, seguíamos para a casa da sua avó e lá sentávamos a mesa. Eu sempre me impressionava com a dose de amor que recebia ali naquela casa, com aroma de lar. Seus pais, seus irmãos, suas cunhadas, sua avó e sua tia e ainda nossa pequena sobrinha correndo pelo colo de todo mundo, rindo, abraçando, fazendo perguntas… A mesa sempre estava completa, com um monte de comida, risadas, histórias da semana, toda a sua família, que agora também era minha, se cuidando de algum jeito que eu nunca conseguia explicar.
Amor. Só podia ser descrito como o amor. Aquela cena de filme de romance, mas era incrivelmente real.
Ah que saudade da gente! Talvez é por isso também que a saudade aos domingos pesa mais. Eu me apaixonei por você e por toda a sua gente também. A magia de ter os domingos cheios de amor do começo ao fim. Da gente se amando e amando cada detalhe das nossas manhãs de domingo. Não era só sobre nós, era sobre tudo que nós vivíamos juntos na simplicidade de um domingo. Os domingos sempre eram a melhor parte da semana, se a gente matava a saudade da segunda a sexta no sábado a noite, a gente transbordava de amor aos domingos.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Kammy Almeida )