confesso-te

Confesso-te com letras, para que eu te encontre aonde quer que você esteja.

Confesso-me para as almas que me leem, torcendo para que tu também me leias e venhas, depressa, eu tenho urgências de ti.

Confesso as minhas verdades para que saibas, que mesmo com todas elas tentando te suprimir a nada, nada te apagas dos meus papéis, te deleta das minhas telas.

Ainda que tudo pareça uma ilusão. Você ainda é a verdade mais dura e doce nas minhas páginas.

Não se trata só da falta que faz aqui. Não se trata de expectativas desatendidas, nem se trata da bagunça e do vazio que restou.

A única coisa concisa e relevante é o amor que pulsou no peito (e ainda pulsa), desde do teu primeiro olhar no meu, que como uma luz que irrompe um quarto escuro, irrompeu todas as minhas barreiras e acendeu aquilo que eu chamava de vida. E hoje, nem sei, se os dia antes de você foram vida.

Confesso-te porque és a fração da vida que amo na minha.

Confesso-me para te esquecer e também para te viver mais. Continuo pintando as paredes, para que elas não voltem a ter aquele aspecto cinza e desgastado de antes de você, torcendo para que essas mesmas cores venham a embaçar o teu rosto da minha memoria. Alimento-me do que foi nosso, para me manter viva, mesmo sabendo que é como ingerir o veneno que me mata a cada dia para qualquer outro. Sem você eu vivo na contra mão de tudo que é racional. Confesso que por vezes, me sinto como um carro desgovernado na rodovia da vida que sobrou.

Por noites à dentro eu te procuro na cama, como quem procura uma agulha no palheiro e penso: “que insanidade é procurar por uma agulha no palheiro!“, mas a falta da presença do amor de quem amamos faz isso: deixa insano, o mais cético dos homens.

Confesso-te na vã tentativa de manter a sanidade do amor, que foi teu. Antes isso, do que a certeza da vida sem amor nenhum.

Por Francielle Santos

Foto: Reprodução / VK

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