
Chove lá fora, quase tanto está chovendo a tua saudade dentro de mim. Às vezes, é apenas isso que sinto. Sinto o meu coração se inundar até transbordar e quase sempre sou pega desprevenida, sem colete salva-vidas para escapar dessa inundação toda, que mesmo sem querer, mesmo sem nem saber, mesmo com toda essa distância que existe agora entre nós, você ainda me causa.
Eu sei que no fundo não era nada disso que você queria para nós. Aliás, você era com certeza a parte mais forte do nosso barco. Você era o leme que nos mantinha de algum modo navegando juntos nesse mar da vida. Era você, muito mais do que eu, que direcionava nosso destino, que sabia quando era o momento de girar a vela na direção do nosso para sempre juntos. Era você, muito mais do que eu, que conhecia as nuances do tempo a nossa volta, das possíveis tempestades que poderíamos enfrentar no mar aberto da vida.
A verdade, é que sempre foi você o porto mais seguro no meio do meu mar revolto. Sempre foi você o remo que resistia às correntezas das minhas incertezas e me levava para um lugar a salvo. Sempre foi você o norte que guiava o meu coração para o aconchego do nosso lar. Sempre foi você o abrigo para o meu ser tão desapegado.
E ainda que muitos tentem provar o contrário, mesmo que o meu coração procure respostas que sejam capazes de justificar a inexistência do nosso amor, agora, até mesmo agora, é muito mais sobre você, do que sobre mim, que as minhas palavras procuram descrever. É muito mais você do que eu, quando procuro entender os desafios do amor. Muito mais você do que eu, quando me apaixono pelos detalhes em mim que são tão mais teus que meus. É muito mais você do que eu, quando me desfaço em águas, quando borboletas festejam no meu estômago quando te vejo de longe.
É muito mais você do que eu, quando não encontro palavras para formar sequer uma frase que faça sentido para te dizer, que sem você não posso ser barco e ainda que fosse barco, sem você não faz sentido algum navegar.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Dirtybootsprests)