
Eu juro, que tentei ignorar essa lembrança filha da puta, naquele momento, em que ele fazendo amor comigo, me fez lembrar você. Eu juro, que tentei não me entregar como me entregava para você, tentei não sorrir como sorria para você, tentei não gemer como gemia, quando você se mantinha com tanta força em mim.
Eu tentei, como tentei, ser muito mais com ele, do que como eu era com você. Eu tentei não sentir as tuas mãos nas dele. Tentei não segurar os teus braços, quando segurei os dele. Tentei não chamar o seu nome, quando meus lábios pronunciaram o nome dele. E quer saber, ele foi incrível comigo e em tese, ele foi até mais do que você foi pra mim.
Fez a minha massa favorita, me serviu o melhor vinho que tinha em casa, deu tempo ao meu tempo, para estar ali entre os lençóis dele. Me desejou intensamente, se entregou com todas as forças e anseios guardados a tanto tempo por minha espera e eu fui sim, muito bem cuidada e amada naquelas horas de amor em que estávamos entregues.
O infortúnio, foi no meio de tudo aquilo, levemente embriagada, as lembranças e a saudade de você emergirem das profundezas do meu eu e estragar tudo que era para ser meu e dele e não meu e seu. Apesar de tanta semelhança, na cor da pele, no tamanho das mãos, na visão do punho cerrado contra a cama, a outra mão na minha cintura, ele por trás domando-me… quando os meus olhos, os olhos dele encontravam, era cruel não encontrar você.
Sobretudo, eu senti a culpa de não ter sido capaz de estar ali, de verdade com ele sem desejar que ele fosse você. É claro, que ele sequer desconfia da confusão interna que eu vivi. Não errei o seu nome, nenhuma vez. Não disse palavras de amor, por mais que no meio da minha confusão mental, temia dizer para ele, o que eu só poderia dizer para você. Não deixei de estar com o meu corpo completamente entregue para ele, mesmo com o meu coração e a minha mente a quilômetros de distância com você. Não deixei de fazê-lo feliz, mesmo sabendo que era você quem eu queria fazer feliz.
Talvez, eu seja a pior pessoa do mundo por isso.
Talvez, eu esteja condenada a te amar e nunca mais amar alguém como eu amo você.
Talvez, eu encontre pessoas como ele na minha vida, pessoas com pedaços de você, mas que nunca serão completamente como você e de certo, seja exatamente isso que me tortura, saber que a parte de mim que é você, nunca vai morrer.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Flickr)