é sempre a mesma coisa

Eu já conheço as suas palavras, as suas intenções, o seu jeito de me convencer, que sente uma vontade disfarçada pela palavra saudade. Eu já conheço seu discurso ensaiado. Sei a ordem dos movimentos que usa para me fazer acredita que se importa um pouco mais do que parece. Penso, inclusive, que eu já te conheço melhor do que você mesmo.

Eu reconheço seu poder de persuasão, sua prepotência em acreditar, que eu não sei o quanto de poucas verdades existem nos seus gestos de carinho, acho até cômico sua aparente ingenuidade em crer, que eu não percebo que você apenas segue um tipo de protocolo (por vezes óbvio demais).

Quanto a mim, eu faço o seu jogo. Entro no personagem que tu esperas que eu seja. Aquela que acredita nas nuances do seu aconchego, que diz as palavras de sacanagem no envolver do seu desejo, aquela que mesmo quando tudo diz que não, sempre te recebe de novo, independente do tempo, do como, do onde ou do pra que. Por mais que nada disso seja uma verdade existencial de quem eu sou, quando finalmente estou contigo.

A relação que cultivamos ao longo dessas indas e vindas parece que sobrevive. Não mentimos mais descaradamente, mas fazemos de conta, o que decerto, da na mesma. Não fingimos mais que nos escondemos como antes, mas eventualmente, aprendemos a disfarçar melhor as outras vertentes das nossas vidas com outras verdades, que sim, são verdades, contudo, sabemos que tem mais por debaixo do tapete, por detrás da porta do quarto isolado. Tudo isso para não perder o objetivo em comum que temos. Noites, tardes, até manhãs de prazer. Minutos, horas, alguns fins de semanas juntos, dos quais não encontramos uma forma de abrir mão.

Se estamos juntos, há tudo que se espera de um homem e uma mulher, como também falta muito do que se falam de uma relação saudável. Na prática, somos um par perfeito na cama, na intensidade, nos desejos, na entrega e até nas conversas maduras após a saudade saciada. Por outro lado, sobre aqueles famosos 30% de uma relação, somos completamente estranhos. Água e vinho, peças do quebra cabeça que não se encaixa. O que é controverso, já que em quesito corpos, o encaixe beira a perfeição. Nesta altura em que não há mais dramas, lágrimas, cobranças e quase nada de expectativa, eu já não posso mais dissimular o meu coração. Eu sei que te amo. No entanto, eu também sei, que você não pode ser o homem da minha vida.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Adventurelust Photography)

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