
Por favor…
Me perdoa, se eu prometi que seguiria em frente e não olharia para trás. Porque eu jurei que te esqueceria.
Me perdoa, se eu ainda penso e como penso em você e fico assim, chata pra caralho e exigente demais para aceitar qualquer outra investida, qualquer outra ideia, carinho, beijo ou qualquer coisa que venha de alguém que não seja de você.
Me perdoa, se ainda a minha boca chama o seu nome, juro que não é por querer, quando eu percebo, eu já chamei o padeiro, o porteiro, o motorista do taxi, até o segurança do trabalho pelo seu nome no meio de uma conversa paralela do dia a dia. Eu me confundo, fico corada de vergonha, peço um milhão de desculpas pela minha confusão. Mas no fundo, eu sei que é só o efeito do buraco que existe na minha vida sem você.
Me perdoa, se eu ainda te espero chegar a noitinha, se ainda ligo o rádio na sua estação favorita e mesmo eu não gostando de todos os hits, ainda assim, eu canto para preencher o silêncio da casa sem as nossas conversas sobre o dia, sobre as nossas famílias, sobre as nossas expectativas. Me perdoa se ainda coloco o celular do lado do travesseiro, com a esperança tola de você se lembrar e me mandar um “boa noite vida”, quem sabe um “sinto a sua falta” ou ainda que seja para brigar sobre alguma coisa que deixamos passar.
Me perdoa, se eu ainda te sinto através das lembranças, da noite que nos conhecemos, da força da sua mão quando segurou o meu braço, da forma como me conduziu para dançar uma dança que você nem sabia como dançar. Do jeito como encarou os meus olhos castanhos com os seus olhos azul cor de mar, da maneira que segurou a minha cintura sem pedir licença, permissão ou qualquer coisa do tipo e me fez tua.
Me perdoa, se ainda te procuro por aí e todos eles falam alguma coisa que parece interessante, outros elogiam o meu sorriso, a cor da minha pele bronzeada ou a forma como exponho os meus pensamentos ou o quanto pareço saber o que quero. Aspiram até estar impressionados. Porém, eu não valorizo muito, confesso! Começo, incansavelmente, à procurar alguma coisa que me cative, que me faça ter vontade de ficar de verdade e continuar aquela conversa e vê no que pode dá. Contudo, eu nunca encontro motivos bons o suficiente para levar adiante, motivos que te superem. Então disfarço e invento um jeito de dizer tchau, quase dizendo: “Adeus! E até nunca mais“.
Me perdoa, se eu ainda te procuro estupidamente nessa gente que não tem nada a ver com você. Eu juro, que procuro me concentrar em outras coisas, talvez me permitir provar outros sabores, outros desejos, outros anseios, mas eu acho que ainda não consigo, talvez eu ainda não esteja pronta, talvez ainda seja cedo demais. Mesmo que já tenha passado tempo demais longe de você.
Me perdoa, se eu fico me perguntando se você já conseguiu seguir adiante, se encontrou alguém melhor que eu. Alguém que pica as alfaces do jeitinho que você gosta ou abre as janelas de madrugada, que divide o fone de ouvido, que te faz rir até a barriga doer tentando aprender a se equilibrar em cima do patins. Alguém que deita no seu colo no meio de um parque lotado de gente estranha, que passeia com os dedos no seu peito e diz que ele é o melhor travesseiro do mundo, que o quadril se encaixa perfeitamente em você, que não cansa do seu jeito de fazer amor, que se entrega sem medo, que entra no meio do seu banho e te pede para fazer de novo…
Me perdoa, se eu ponho em dúvida a sua capacidade de seguir em frente sem mim. Eu sei que estou sendo completamente egoísta e prepotente. Você sabe que eu só te desejo o bem e até mesmo agora, quando a saudade me maltrata, eu não consigo te desejar nada menos que isso (que sejas, feliz!).
Me perdoa, por eu ainda sentir o teu cheiro nos meus lençóis, se ainda volto até aquele hotel da nossa primeira viagem, duas semanas depois que a gente tinha se conhecido e eu soube desde a primeira vez que me entreguei, que eu não poderia ser de mais ninguém como fui tua.
Me perdoa, se por vezes, eu ainda esteja te esperando tocar a minha campainha ou te encontrar por aí e retomar de onde paramos. Ou para começar de novo. Tanto faz. Desde que seja você, o resto já não me importa muito.
Me perdoa, por eu ainda escrever o seu nome no boxe embaçado do banheiro, enquanto escondo debaixo do chuveiro a saudade que escorre pelo ralo. Se eu ainda olho para trás, tentando encontrar onde foi que nós nos perdemos desse jeito e quem sabe, encontrar um jeito de reparar essa ponte quebrada que nos mantém tão longe.
Me perdoa, se eu me recuso a conhecer gente nova, a beijar outras bocas, a viver outras histórias, se eu não consigo permitir meu coração se abrir e tentar amar alguém novo ou viver um romance diferente, daquela que planejamos juntos. Eu sei que pareço redundante, mas que outra forma eu posso te dizer, que eu ainda quero você? Me perdoa, porque eu ainda dou ouvidos ao meu coração tolo, bobo e insistente, que todo dia fala baixinho que a vida é mais bonita, mais leve, mais rica e doce, mas só quando tenho você comigo.
Me perdoa, se eu ainda falo, mesmo sem deixar o som escapar pelos meus lábios, que é você quem eu amo.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / The Lane)