
“Fica“, foi tudo o que eu fui capaz de dizer, naquela manhã, na porta do seu apartamento. Quando tudo o que eu verdadeiramente desejava dizer era: “vem comigo!”
O universo deve estar rindo agora de nós. E que brincadeira de mal gosto fazer isso com a gente, não é! Ou ele deve ser muito irônico ou muito filho da puta para cruzar os nossos caminhos, para acabar nisso. E que droga foi isso! A gente podia viver o mundo inteiro, mas só fomos capazes de viver os fragmentos do que sentimos e esquivarmos de tudo que foi inexplicavelmente forte entre nós. E ainda no fim, sou eu quem tenho que ser a racional. Sou eu quem tem que dizer não vem, desejando insuportavelmente que você venha. Sou eu quem tem que dizer “me esquece“, quando tudo que anseio com cada célula de quem eu sou, é te implorar: “me vive!”
Às vezes, penso que a vida está apenas testando a nossa capacidade de resistência ou entrega. Colocando em prova tudo o que temos. Tudo o que construímos. Tudo o que estava planejado para agora, pois é exatamente assim que eu sinto quando estamos perto, à beira do precipício, tanto quando à beira do paraíso. Conhecemos miseravelmente todos os riscos. Sujeitos a sorte ou ao azar do desconhecido amanhã.
Eu queria ser capaz de te negar qualquer existência de toda vontade que tenho de te entregar toda a minha vida. Eu queria poder te desprezar com toda coragem que tenho de te querer tão perto. Eu queria ser completamente capaz de abrir mão de tudo isso, como sou incapaz de te esquecer assim tão pra já.
Eu te garanto que todo dia eu desejo te apagar da minha memória, como apaguei cada vestígio teu das minhas redes virtuais, do meu computador do meu celular, das minhas gavetas da escrivaninha perto da janela. Entretanto, eu te procuro com a mesma ambição em cada passo, em cada minuto, em cada palavra, em cada movimento, em cada pessoa do meu dia. Tem dias que tudo isso é foda. As lembranças não me dão trégua e hoje, é com certeza, um desses dias.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Blog Dura nas Quedas)