
Deve ter sido na primeira ou na segunda vez que os olhos deles se encontraram sem querer. Ou talvez, foi na primeira ou na segunda vez, que as mãos se tocaram distraídas. Quem sabe, tenha sido entre um riso ou dois, descontraído no envolver da calmaria, que sem querer eles sentiam, se reconheciam e se encantavam um pelo outro todas as vezes, que o encontro casual parecia ter sido marcado nas estrelas.
“Maktub” – estava escrito, ele pensava consigo. Ele poderia com toda certeza parar o tempo, no exato instante em que ele soube que era ela. Foi tão estranho! Ter aquela certeza toda, quando nessa vida parece que ninguém tem mais certeza sobre nada. Se é que algum dia antes, alguém teve certeza alguma.
Sobre o dia que se conheceram? Oras, ele faria exatamente tudo igual, só para encontra-la exatamente naquele mesmo lugar. Sentada no banco de cimento da orla de Copacabana, com uma casquinha mista do McDonalds, olhando com tanta fixação para o mar esverdeado, sob um sol de quase 40 graus, cotidiano da cidade carioca. Ele ficaria observando-a de longe e mesmo com certa insegurança, naquele mesmo minuto que tomou tal decisão, sem considerar as consequências, seria ousado para falar com ela. Interromperia aquele vislumbre, apenas pedindo licença e se sentando se ao seu lado.
A partir dali, estaria completamente condenado a se apaixonar pelos olhos castanhos escuros dela, pelo o riso levemente constrangido e malicioso ao mesmo tempo de alguém que entendia suas intenções, sem que ele precisasse explicá-la. Ficaria encantado com o movimento suave do corpo dela dando-lhe espaço. Com o cruzar das pernas com aquele tom de pele bronzeado dourado e estaria completamente perdido, com mais de mil e um pensamentos censuráveis que sonhou ter com ela. Ele diria exatamente as mesmas palavras e contaria outra vez os mesmos segredos e se fosse possível, ficaria para sempre ao lado dela.
Confessaria, que blefou quando disse que o tempo colocaria a pressa de se viverem em seu lugar, daria um jeito na ansiedade desesperada para serem um e esclareceria aquele universo de palavras que só conseguiram expressar através do olhar. Pois no fim, o tempo estava passando e dia após dia, estavam procurando um milhão de coisas para distrair a vontade insaciável de se entregarem um para o outro.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Pinterest)