
Apesar de…
Eu ainda sinto as suas vibrações, inquietações e ansiedades, traduzidas por uma curiosidade gostosa de provocar.
Eu ainda percebo o seu perfume impregnado na minha pele, no meu cabelo, nas minhas roupas, no sofá, nas cobertas, nas paredes, nos tapetes…
Eu ainda provo o gosto dos seus lábios e da sua língua se perdendo com a minha, brincando de se esconder e se achar.
Eu ainda reconheço as suas mãos acariciando o meu rosto, encontrando o meu pescoço, deixando os seus dedos se embaraçar com os fios do meu cabelo… e as mesmas mãos a descer pelo meu corpo, a pressionar me contra o seu, até reencontrar o seu lugar de intromissão e permanência em mim.
Eu ainda ouço a sua voz vigorosa, um tanto quanto suave, divertida e quando quase silenciosa, preenchida com o ar quente dos seus pulmões, enlouquecendo os meus ouvidos com um som estridente de euforia e desejos guardados só pra mim.
Eu ainda vejo você de verdade através dos seus pequenos olhos claros, ingênuo como de um menino e tão malicioso como de um homem que sabia exatamente o que fazer comigo.
Eu ainda gozo o tremor do meu corpo, toda a vibração e irreverência misturada com o sabor do seu suor e o nosso cheiro em fusão no espaço.
Eu ainda constato no reflexo do meu espelho o meu sorriso ao lembrar dos nossos risos bobos, do que chamamos de loucura e de primeira vez. Das nossas taças com vinho tinto e todas as confissões dívidas, da nossa jovem e tão familiar intimidade.
Eu ainda suspiro profundo e um bocado nostálgico, do que fizemos com o que era só o passar dos dias, semanas, meses: o nosso agora, acaso, circunstância… a nossa vida juntos.
Eu ainda prometo não te esquecer e nem retardar em te amar, apesar de, prometer não te esperar.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Voinalovich)