sobre a mesa

Era o aniversário dela. Ele passará rapidinho no Shopping Rio Sul, depois do dia exaustivo no escritório de advocacia e lhe comprará um caderno feito a mão. Por mais que a conhecesse há menos de um ano, ele sabia que ela o amaria. E teve ainda mais certeza, ao ver o brilho nos olhos dela e a euforia quando abriu a embalagem no seu apartamento.

Naquela noite, ela estava tão linda, pensou ele enquanto desenrolava a garrafa de vinho que tinha trazido de sua última ida a França. Ela sentou-se na bancada, ele lhe serviu uma taça e brindaram. Ela de frente para ele, com aquele olhar que ele já conhecia de outras noites com ela: o olhar que o chamava para perto. Ele não resistindo (como nunca pudera resisti-la), começou a cheirá-la e beijá-la suavemente, a nuca, as bochechas, as pálpebras dos olhos, a pontinha do nariz, até que seus lábios encontraram os lábios dela e ela se entregou. E era a forma que ela se entregava para ele que o enlouquecia.

Ela abraçou a cintura dele com as pernas. Ele colocou as taças atrás deles na bancada. Contornou as cinturas delas com os braços e a levou para a mesa. Empurrou o que tinha em cima para o chão. E sobre aquela mesa, arrancou-lhe a calcinha e mesmo com aquele vestido longo que ela vestia, que a deixava tão atraente, mas despida de qualquer ideia que pudesse ser censurada, ele entregou-lhe muito mais do que qualquer palavra ousasse explicar sobre quem ele era ou o que ele era capaz de fazer com ela. As suas mãos desbravavam as curvas na procura de compreender quem ele tinha sido antes dela e quem ele poderia ser depois dela.

Na entrega recíproca dos lábios que conversavam sem pronunciar palavras, na intensidade dos movimentos dos corpos que pareciam se conhecer há tanto tempo, no volume ofegante entre as respirações, no calor e no tom da pele corada ele foi todo dela, tal como ela fora toda dele. Duas pessoas imersas intensamente aos seus desejos.

Suas mãos a segurar silhueta curvada que se contorcia e enrijecia em cima da mesa que tremia. As pernas entrelaçando o seu corpo nu, entre elas insaciável. Completamente vulneráveis às urgências fizeram e refizeram amor no meio da cozinha, sob o som de uma canção antiga de Jovanotti que tocava no rádio, a garrafa de vinho tinto francês pela metade em cima da pia, a meia luz da copa com a luz natural da lua que atravessava a porta de vidro do apartamento. O cheiro se misturando com o aroma do jantar que estava no fogo e os rastros descrito pelo suor escorrendo pelas paredes, pela pele, pela alma.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Dirty Boots Sand Messy)

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