acolhendo todos os capítulos da própria história

Acredite!
Por vezes desejei com todo o coração apagar tudo que havia acontecido no passado. Deixar para trás toda aquela angústia de não poucas desilusões e decepções. Correr dos fracassos que faziam parte de todas aquelas palavras tristes no papel.

Não poucas vezes, pensei intensamente em apagar aquelas versões de mim, como alguém que apaga os rabiscos de lápis com borracha. Versões que se perderam na jornada da vida e que não poucas vezes, cometeu tantos erros e equívocos, tantas escolhas mal resolvidas e decisões perdidas no caminho.

Eu não me queria mais, já não me amava mais. E muitas vezes, minha auto punição falou mais alto que qualquer outro sentimento de tolerância comigo mesma. E nos ápices de raiva e dor, tudo que eu queria era me esquecer de mim e quem sabe, me esquecer de tudo que eu tinha sido ou tentado ser.

Mas foi ai, bem ai que encontrei de verdade meu eu e não pude evitar sentir ternura. Eu olhei para dentro, encontrei absolutamente tudo bagunçado e eu perdida e machucada no meio dos entulhos.

Me levantei, me abracei, me acolhi, me cuidei, me conheci, me tolerei, me compreendi, me aceitei e finalmente, me amei. E diante de tudo isso, agradeci-me por todo o caos, toda dor e vastidão, porque foi por causa deles que finalmente me encontrei de verdade.

Nada disso quer dizer que esteja tudo em ordem. Ou que não há ou haverá mais e mais desafios, pois muito embora haja muito amor, estar vivo requer se construir diariamente e por mais que pareça poético, na prática há sacrifício, paciência, coragem e dor.

Agora não mais ignoro os meus medos, os meus caos, as minhas incertezas, os meus sinais vitais, os frios na barriga, as mãos trêmulas, o quentinho no peito, as minhas intenções reais, o falar baixo da voz do meu coração.

Agora não mais desprezo o meu ontem ou me coloco de castigo pelos meus erros ou me puno pelos meus maus resultados.

Decidi entender o que posso aprender com eles (finalmente!).

Agora me ouço com atenção, compreendo-me com amor, me protejo com toda a coragem como um mãe protege seu filhote.
Agora, aceito o meu passado. Vivo o meu presente e sonho o meu futuro com respeito aos meus limites e as estações da vida.

Me acolho nos dias frios. Me respeito nos dias desafiadores. Digo quantos nãos forem necessários para preservar o meu estado emocional e quantos sins forem precisos para desenvolver o meu eu com conhecimento e amor.

Ando de mãos dadas com todas as minhas eu’s. Respeitando-as, protegendo, ajudando, conhecendo e as reconstruindo sempre um pouco mais. E sabe, é exatamente como abraçar seu livro favorito. Ele não faria sequer sentido se faltasse um dos seus capítulos. E se nem todos são bons, é preciso de todos para ser uma história completa.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Pinterest)

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