
Não seria honesto da minha parte negar que não sinto saudades, que não penso em você ou que não perco minutos tentando visualizar o que você esta fazendo, como foi a sua semana, quais coisas novas descobriu sobre si mesmo, quais aventuras viveu durante esses dias que passamos tão longe. E nossa como faz tempo que a gente não se fala e o universo, seja por precaução ou generosidade conosco, nos manteve o mais longe possível.
Eu fecho os olhos e penso na sua pele, quase a sinto… imagino se o seu cheiro continua o mesmo, se seus olhos continuam tão claros quando os primeiros raios do sol chega pela manhã, se você tem se alimentado bem ou se continua comprando aquelas comidinhas congeladas no supermercado como fazia antes da gente se conhecer. Me pego pressupondo, se a aquela escova de cabelo que você comprou dois fins de semana depois que me levou a primeira vez no seu apartamento ainda está na primeira gaveta do gabinete do banheiro. Ou se a minha cafeteira continua na bancada da sua cozinha como você colocou só para agradar a viciada em café que eu sou. Me pergunto se aquele quadro que você comprou quando completamos o nosso primeiro mês ainda enfeita a cabeceira da cama, com aquela nossa primeira foto juntos do nosso segundo encontro. E por vezes, que não sou capaz de contabilizar me pergunto se você ainda pensa em mim, um pouco ao menos, como eu penso em você.
Embora essas lembranças tenham uma certa doçura, eu sei que no fundo tudo está como deve estar. Estamos onde estamos, porque de alguma forma esse era o melhor jeito da gente ficar bem (bem verdade também, que isso parece uma merda de cordialidade polida, mas Ok!). Parece um conflito, pois eu não conseguia conceber a ideia de ficar bem sem você e você disse tantas vezes que não podia ficar bem longe de mim. Mesmo assim, a gente encontrou forças onde não havia para se separar, porque de alguma forma era preciso.
Eu levei um tempão para compreender que era necessário voltarmos a ser dois desconhecidos para podermos ser tudo o que sonhávamos em unidade. A gente não conseguia ser inteiros juntos, mesmo que o nosso amor nos completasse de tal maneira que palavras não podiam explicar. Complexo, eu sei. Houve lágrimas. Muita dor. A gente inclusive quase desistiu dessa loucura de se separar. No entanto, a gente se separou.
Hoje te fantasio inteiro. Ou pelo menos, quero crer que você está bem e feliz, vivendo como dizia que queria viver.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Papicher)