
Considerando os fatos, as circunstâncias e desprazeres que a vida proporciona, que outra razão existiria para tentar descobrir os porquês de tudo.
A sensação foi de imenso vazio, como se um buraco maior do que o espaço pudesse suportar houvesse surgido e fosse mais profundo do que ir para o núcleo da terra.
Então você se sente apagar, lentamente desaparecer.
A sensação é de queda, como se houvesse alcançado o mais alto que podia ter imaginado ou esperado ser real e por um deslize ou circunstância, você cai. E o tempo de queda varia, às vezes por anos, meses, semanas ou simplesmente por uma duração de uma longa viagem, entre um continente e outro.
E foi essa a minha queda, após 2 horas de carro, quarenta e cinco minutos de espera no aeroporto Heathrow – Londres, um voo de sessenta minutos. Onze horas de espera entre um voo e outro no aeroporto de Schiphol – Amsterdã e mais doze horas de voo, e enfim, estava eu mais uma vez no aeroporto internacional de Guarulhos – São Paulo, com duas malas que continham tudo que eu pensei precisar, as pernas trêmulas, a mente cansada e o coração partido.
Não era tristeza, solidão ou qualquer sentimento do tipo: era nada, era apenas o vasto vazio. Estava nitidamente sumindo, perdendo-me dentro de mim e sem absolutamente nada – em total ruínas.
Tudo o que você acredita ser ou o que você pensou ser você, simplesmente se desvanece e se o sentimento não é de perda, fracasso ou frustração – o sentimento é o todo: o vazio.
O ponto em que você não é mais você, que não há brilho ou sonhos, sorrisos ou lágrimas, apenas o imenso NADA.
O que poderia ser mais sufocante do que aquilo que te coloca no infinito do vazio?
[releitura do texto escrito em 24.09.2016]
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Alexandra Burimova)
Profundo.
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