
Confesso que eu precisei de um tempo para entender que eu não aceito mais só a tua metade. Que eu não quero mais só o resto do teu tempo que sobra na semana. Só a tua carência das quartas-feiras ou ser a companhia substituta das sextas-feiras, quando os teus amigos mudam os planos. Eu não quero mais ser o que preenche o espaço quando tudo ao seu redor deixa de ser de repente.
Eu não quero mais só as noites de sexo das segundas-feiras, para você dizer que precisa de mim para começar bem a semana. Eu não quero mais saber quando você volta das suas viagens, sendo que você sequer se lembra de compartilhar comigo que vai passar uns dias fora. Ou só as manhãs de café juntos, porque passamos uma noite desatinados de paixão e não ter também os encontros depois de um dia de cheio, um jantar calmo dividindo a vida.
Eu cansei de me contentar só com as sobras da tua vida.
Eu sei que sou eu quem está mudando as diretrizes das coisas entre nós. E eu não vou negar que uma parte dessa versão de mim também gosta desses rompantes de saudade, dessas loucuras no meio da semana que quebram a minha rotina e dos acasos felizes que nos mantém juntos por aí. Juntos de algum jeito estranho e bom.
Confesso também que o encaixa é perfeito entre nós em muitos pontos, principalmente na liberdade de vivermos as nossas vidas cada um no seu canto e de estarmos intensamente entregues quando estamos no mesmo canto juntos. Porém, isso já não me basta mais e é uma droga, quando você percebe que algo que parecia inteiro é só metade e essa metade não é mais tão suficiente como antes.
Cansei também de ser metade (confesso, isso também), e acredite em mim, eu ainda te quero muito, mas te quero inteiro. Quero mais que alguns dias ao teu lado, quero todos que for possível viver ao teu lado. Quero mais que as algumas horas de paixão aleatórios, eu quero todas as horas, dias, semanas, meses que a vida nos permitir viver.
E então, tu me aceitas inteiro?
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Angie Willis)