
Não sou poeta, mas acho que descobri o segredo dos poetas.
Entendi que quando se escreve vivemos o amor que desejamos viver na vida, e foi assim que percebi, que cada combinação de sílabas que meu cérebro organiza é a tradução do amor que sinto e aqui posso viver com você sem medir as impossibilidades, pois aqui tudo é possível. Sem me importar com quais termos devo descrevê-lo, pois quem são os críticos para dar pitacos sobre a simplicidade do amor? Sem limites, pois não há limites quando a gente sente um amor assim tão bonito.
Reparo que te vivo toda vez que eu escrevo sobre saudade e que terrível é a saudade quando não posso matá-la com toda a força de um abraço teu.
Te sinto todas vezes que escrevo sobre maneiras de fazer amor e te desejo profundamente ao ponto que reconheço o meu corpo enrijecendo e a temperatura aumentando… E é um desperdício gozar de tudo isso e somente tentar encontrar maneiras de descrever no papel, quando temos uma vida inteira para partilhar e todas as camas do mundo para bagunçar.
Te encontro todas as vezes que leio as cartas que te escrevi, como tentativa boba de te contar tudo o que estava acontecendo e eu não conseguia encontrar um jeito de falar quando estávamos juntos, se não com as lágrimas quentes que escorriam pelo rosto e eu não fui nem capaz de traduzi-las de modo que você pudesse compreendê-las. E que inútil são as lágrimas, não é? Concluo, quando vejo algumas delas borrando as declarações de amor que risquei em pedaços de papéis no meio da bagunça sob a minha escrivaninha.
Eu te amo um pouco mais (como se isso fosse um milagre) todas as vezes que descrevo alguém com um monte de partes inevitavelmente tuas e a angústia me aperta sem dó por não ser você inteiro dessa vez.
Esses dias você me perguntou se já tinha escrito um texto sobre você e eu pensei: “que pergunta estúpida!” , ah se tu soubesse que tudo que eu escrevo tem um pouco de você, assim como um tanto de tudo que sinto por você, com doses caprichadas do pouco que conseguimos viver juntos.
Sinceramente, eu acho que vou levar um bom tempo para conseguir te escrever inteiro em um texto só. Nem sei se isso é possível ou se quero fazer isso. A verdade é que eu não quero perder a oportunidade de te viver em tudo que escrevo, pois tudo o que escrevo tem amor (indispensavelmente tem você) logo, tem eu tentando ser finalmente feliz contigo, e eu não quero que acabe. Seria o mesmo que finalizar um livro e pra isso, ter que encontrar palavras para um fim. Eu não quero te pôr um fim.
Pelo menos aqui, entre o papel e a caneta eu posso manter-te perto, manter-te de algum jeito presente, como está presente dentro de mim. Enquanto o meu coração bater eu quero escrever sobre amor, logo escreverei um pouco mais sobre você indispensavelmente. Já estava quase te pedindo permissão, mas… (risos) aqui, nem você e nem ninguém precisa me permitir viver o que eu quero. Então continuo escrevendo e te vivendo um pouco mais.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Dirty Boots)