
Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si e levam um pouco de nós.
Antoine de Saint-Exupéry – O Pequeno Príncipe
Por vezes, penso como teria sido se algumas pessoas nunca tivessem cruzado o meu caminho ou se outras delas nunca houvessem deixado de estar presentes na jornada da minha vida. Por vezes, pergunto e se por aquelas breves estações o comportamento, as decisões, as verdades houvessem sido outras. Se de repente tivesse virado a esquerda e não a direita, chegado dez minuto antes ou dez minuto depois ou prestado mais atenção ou não dado atenção alguma. Ter ficado mais ou não ter ficado nem por um minuto.
A verdade é que há um acervo de histórias dentro da gente que só existe, porque existiu um tanto de gente que deixou um pouco de si em nós.
É clichê dizer que um dia a gente entende o porquê das coisas serem de um jeito e não de outro. O porquê que às vezes da certo e por vezes, não dá. Quase sempre, a gente se tortura porquê alguém que nunca imaginamos longe, se distância. Como também, nos surpreendemos como quando menos esperamos alguém novo chega. Tudo fazendo parte de um plano muito maior.
Não acredito nisso que falam que “Deus escreve por linhas tortas” eu sequer acho que as linhas são tortas! Acredito que são as nossas escolhas, pequenas e grandes que juntam as letras e formam os escritos da nossa história.
Quem tem que ficar, fica apesar de tudo. Quem tem que partir, parte com a mesma convicção. O coração ama o improvável e rejeito o provável, na boa parte das vezes. A nossa mente nos julga. Às vezes condena, outras absolve. De vez em quando a gente abre a porta, assim como também a gente fecha, tranca e joga a chave fora.
Tudo se resumi a escolhas. O amor, a amizade, os elos. São escolhas (conscientes ou não).
O que Deus nos dá são oportunidades e opções para escolher.
Algumas vezes eu escolhi ficar, mas na maioria das vezes eu escolhi sair pela primeira porta de emergência como quem foge de um incêndio. E houve aqueles que escolheram sair da minha vida com a mesma urgência. São os capítulos avulsos que formam o livro inteiro da minha vida até aqui. Assim é. Assim tinha de ser. É tudo o que tenho. Tudo o que sou. Pelas escolhas que fiz e pelas escolhas que eles fizeram quando estiveram por aqui.
Eles levaram pedaços de mim e deixaram pedaços de si.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Dani Bueno)