
Quanto tempo mais vai durar cada partícula desse sonho louco de viver a liberdade em sua plena totalidade?
Não sei o quanto mais vou precisar perder ou ter que deixar para trás, para finalmente ser aquilo que queima dentro desse corpo que vive essa vida tão comum e perigosamente desastrosa.
Eu também não sei quanto mais sou capaz de sufocar essa sede que parece insaciável por realizar uma lista de desejos sem fim. Não sei! Eu realmente não sei quanto mais posso resistir viver tão somente uma parcialidade de uma vida gigante que sonhei pra mim.
Percebo o tempo passar depressa a minha frente, sem perguntar se eu já estou pronta para continuar. E que ingenuidade essa minha, de achar que ele vai esperar o meu tempo de estar pronta para passar enfim.
Pareço tão jovem e de fato sou jovem ainda, mas sinto-me envelhecer mais do que deveria a cada dia, presa nessa mortalidade passiva de uma vida mal vivida, e talvez, essa seja de todas as formas de morrer a mais cruel. Não morrer literalmente, mas morrer.
Todos os dias quando acordo, procuro pensar que virtude generosa de ter mais uma oportunidade de um novo dia, e quem sabe este seja enfim diferente de todos os outros que inevitavelmente já se foram.
Quem sabe, eu me encontre com a sorte na esquina da minha casa ou na padaria na hora do café ou no caminho ao trabalho ou na mesa do lado no restaurante no almoço ou na cafeteria enquanto tomo um expresso ou quando eu sair do escritório para voltar pra casa. Talvez, encontre a sorte no mercado enquanto compro alguma coisa para preparar o jantar… mas o dia sempre acaba e eu nunca encontro a sorte que espero encontrar.
O dia finda e eu morro mais um dia nesta vida, com a minha alma clamando desesperada por viver a vida que um dia sonhei realmente viver.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Blog O Olhar de Helena)