
Talvez não tenha sido mesmo para ser.
Talvez eu e você sequer tenha existido um para o outro.
Talvez as nossas vidas nunca sequer tenham se encontrado.
Tudo aquilo que soube de ti está cada vez mais abstrato. A cada dia estou mais insensível as sensações que produzimos juntos. A cada momento minhas lembranças do que era físico, vem se apagando. Já não consigo lembrar do teu cheiro. Já não consigo lembrar da tua temperatura. Nem tão pouco da tua voz, que agora parece um distante sussurro. Não consigo mais lembrar do sabor dos teus lábios. Não consigo mais sentir a tua presença, apesar da saudade.
A verdade é que a cada dia que passa, sei que estamos cada vez mais longe um do outro e é inevitável não estarmos nos tornando desconhecidos, como um dia já fomos. Que tudo que sei de ti, está a perder o valor. Que no fim, nada sobrou, exceto as minhas lembranças mais quentes das nossas noites de amor. Elas ainda insistem em se fazer lembrar. Apesar de não conseguir mais ver os teus traços de forma consistente, minha pele se arrepia só de lembrar do passeio dos seus dedos por ela, do calor da sua respiração através de teus lábios a brincar com ela.
Apesar do fim, ficou pedaços teus em mim, dos quais ainda que eu não os queira, por que lembrar de ti doe mais do que deveria, ainda assim me excita, me aquecem, me faz te amar uma outra vez.
Eu penso em tudo isso e me silencio. Afinal, conversar sozinha sobre nós, parece um tanto quanto louco… e quem sabe, eu esteja mesmo louca. Procuro suas mãos quentes sobre meu quadril debaixo do cobertor e não acho. Me reviro, por vezes, mas o meu travesseiro não parece saber a posição certa como seu braço sabia para que eu possa dormir tranquila. Independente do tamanho da cama, da quantidade de cobertores, tudo parece sempre grande demais e ainda assim nada suficiente para me aquecer, como o calor do teu corpo me aquecia.
Há diversas coisas que fazem muita falta, mas nada se compara ao seu corpo aninhado ao meu, depois dos intensos momentos de intimidade. Entregues a fazer de todo desejo saciado. Despidos de qualquer censura. Incansáveis. Irreverentes. Indomáveis.
Talvez eu seja cretina em dizer que é disso que sinto mais falta: do teu corpo nu devoto ao meu corpo nu; da tua boca a passear por toda a minha pele; da tuas mãos a prender as minhas, da tua voz rouca e ofegante á declarar as tuas fantasia; de todas as maneiras possíveis que conseguia manipular meu corpo em ti.
São essas lembranças que fodem meu psicológico, como você me fodia naquela cama. Você todo meu, e eu completamente tua.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Janas Nuderl)
O talvez dói demais!
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E muito
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