
Laura, estava em Paris, para o seu primeiro grande trabalho internacional. Sonhara com a cidade das luzes tantas e tantas vezes em madrugadas de insônia, que era inacreditável que ela finalmente estivesse lá. Os últimos meses tinham sido terríveis em quase todas às áreas da sua vida, exceto na área profissional que finalmente parecia estar dando uma revirada curiosa, ainda que ela não soubesse como tinha conseguido aquela oportunidade como redatora em uma das revistas mais lidas pelo público jovem. Aconteceu. Fora tudo tão repentino, e naquela ocasião especifica a sua editora chefe tivera um imprevisto que parecia de vida ou morte e pediu, quase implorando que ela a cobrisse na coletiva e fizesse a entrevista exclusiva que tinha conseguido com muito esforço. Entregou-lhe todo o material, pediu para a secretária entregar as passagens e saiu, sem dar muitas outras explicações. Quando Laura deu por si estava no avião, indo ao encontro de um dos autores mais reconhecidos na Europa, cuja a coincidência ela era muito fã.
Ela conhecia o seu trabalho há anos. Logo que os seus livros estouraram no Brasil e ela os encontrou e comprou de imediato (uma paixão pela capa a primeira vista) e como era uma leitora voraz de romances se embriagava por aquelas histórias madrugadas ao fio em busca de silenciar as suas preocupações sobre o futuro e por vezes, para encontrar o amor febril de seus sonhos e fantasias. Mas agora, tudo o que sobrara daquela jovem menina, era o conhecimento critico da escrita do autor de alguns dos livros que preenchiam a sua estante. Não era ele ou o seu trabalho que tinham perdido o encanto e sim, o brilho e a fé dela por todas aquelas histórias. A maturidade envelhece a simplicidade de ver a beleza no mundo dentro da gente e talvez fosse isso que estivesse acontecendo com Laura, ela estava completamente insensível aos encantos das ideias intensas e do calor dos romances.
Segunda-feira, 21 de Junho, o primeiro dia de verão na França. O céu azul celeste sem uma nuvem, ensolarado, morno e lindo. Laura, não havia considerado muitas opções para um possível dia de sol quando fez as malas, então vestiu o único vestido tubinho azul marinho que levou e um casaco para o caso de o tempo esfriar um pouco. Um salto e uma meia calça fina deram lhe o ar profissional que buscava. Não exagerou na maquiagem, pois além de ser dia, ela nunca foi dada à muitas extravagâncias. Sabia apenas que precisava causar uma boa impressão, pois estava por representar uma importante editora chefe e não podia fazer feio.
Quando chegou ao hotel que estava organizado a coletiva de impressão, ficou impressionada com o lugar. “Os franceses sabem mesmo como preservar a história sem perder a elegância” pensou ela se dirigindo à recepção, depois à sala de eventos que aconteceria o encontro do autor com diferentes mídias para discutirem sobre um dos seus romances, que agora seria contado nas telas dos cinema em todo o mundo. Quando a coletiva acabou. Ela saiu para tomar um café, para retomar o fôlego para a entrevista exclusiva e quando voltou esperou pelo o autor por quase uma hora e quase perdendo a paciência, levantou-se para sair, quando abrindo a porta, ele entrou como se estivesse por estar ali obrigado. Ela o viu entrar com passos apressados, dizer entre os dentes um “Bom dia” e sentar-se na poltrona do outro lado da sala. Ela respirou profundamente, lembrou-se da importância daquela entrevista e fechou a porta.
Laura sentou-se na poltrona da frente, cruzou as pernas, sentiu o nervosismo correr as veias, mas queria acabar logo com aquilo, então interrompeu o silêncio e começou dizendo: “É um prazer e uma grande honra para mim estar aqui para entrevistá-lo Sr. Ferreira. Posso começar com as perguntas?” ele sem nem tirar os olhos do celular respondeu: “Me chame de Eduardo! Comece e seja breve. Não tenho muito tempo.” ela considerou ser a famoso estilo português: eles eram tão encantadores quanto grossos, a linha tênue na personalidade que ela nunca entendeu bem. “Perdão! Bem. Deixa eu vê…” murmurou ela, encarando os papéis.
Laura estava tão constrangida com a arrogância dele, que não conseguia encontrar a melhor pergunta para começar, respirou fundo e leu a primeira frase que seus olhos encontraram no roteiro que as sua chefe havia lhe entregado:” Eduardo, quais foram as primeiras inspirações quando começou escrever os seus romances?” perguntou ela com a voz embargada.
Eduardo coloco o celular sobre a mesinha de madeira ao lado e seus olhos encontram Laura folheando os papéis, parecendo ligeiramente perdida. Percorreu minuciosamente por toda a extensão de seu corpo. Os musculus claramente rígidos e as mãos tremulas. Considerou ser nervosismo de principiante, o que não combinavam nada com a aparência geral dela. Uma mulher de 1,65, cabelos castanhos claros e soltos, a pele bronzeada de quem parecia ter a sorte de morar no costa tropical brasileira, a suavidade na maquiagem e as curvas acentuadas pelo vestido com um leve decote que era como um convite para a imaginação de um homem como ele.
“As minhas primeiras inspirações foram encontradas em mulheres encantadoras que eu desejava estupidamente tê-las para mim, enquanto caminhava pela cidade em busca de respostas para o futuro“, respondeu ele roubando a atenção dos olhos de Laura para os olhos dele e sorrindo, ao vê-la ruborizar ao notá-lo com os olhos fixos nela.
O que aconteceu depois de mais duas ou quatro perguntas até as paredes daquela sala negariam. Existem atrações e entregas que são impossíveis de descrever e explicar o porquê acontecem. Laura, era uma mulher que tinha sede por vida silenciada, mas que ardia no peito. Escondida por trás daquela pose de mulher segura, o desejo pelo frio na espinha e o calor que subia-lhe pelas pernas, era incontrolável. Nunca fora dada a coisas mornas, mesmo que a vida a tivesse roubado muitos sonhos e certezas sobre as possibilidades dos grandes amores. Eduardo, era tudo o que confessava em seus personagens. Um homem dado à paixões intensas. Forte. Preciso. Inevitável. Aquele que não deixa por pouco, que convence e possui com os olhos, com os lábios que percorrerem da face, à nuca, aos ombros… com as mãos grandes e firmes a passear destemidas por toda a superfície do corpo dela e torná-la toda dele, ainda que somente pela efemeridade de um dia. Apeteceu, como dizem os portugueses. Apeteceu!
Há encontros que transpassam as leis, as regras, as questões, as cortesias, as futilidades, as ideias, a espera. Acontecimentos que são. Laura e Eduardo foram!
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Wattpad)