
O amor acaba, quando tu deixas de estar…
… tu deixas de estar e não cultiva a intimidade na mesa, um olhando o outro com a cara amassada de sono, entre um café forte e um pedaço de pão francês com manteiga e uma retirada distraída de remela dos olhos, mas você admira tanto aquela pessoa do outro lado da mesa, quase sempre (ou sempre) mal humorada, que dividi suas manhãs e mesmo ali, entre um resmungo e outro, você sabe e reconhece o valor que ela tem na sua vida.
… tu deixas de estar e deixa de corresponder as ligações, as mensagens no meio da rotina, entre a necessidade de dividir um fato ou um problema ou matar a saudade, porque a saudade às vezes chega, mesmo não havendo tanto tempo ou distância longa. É sobre a presença virtual de verdade: a capacidade de se fazer sentir, mesmo através de um objeto frio como o celular. É pra poucos!
… tu deixas de estar e não ouve. Falar é tão fácil, tão natural, tão tempestuoso, porém ouvir não. Ouvir de verdade é treino. É tentar silenciar até os próprios pensamentos para ouvir só os pensamentos daquela pessoa, que está ali tagarelando o que quer que seja e admirar o movimento dos lábios, a tonalidade da voz, o jeito que revira os olhos entre um comentário e outro, a forma como reage e por vezes, responde a si mesma. Ouvir com o coração. Sem julgamentos. Sem pressa.
… tu deixas de estar e não conversa mais. Falar sobre a meteorologia, o futebol, do chuveiro que queimou, o caso da irmã da cunhada da prima, é fácil. Agora, falar dos fantasmas que assombram os pensamentos na madrugada. Dos medos e receios sobre algo. Sobre as ideias malucas que passa na cabeça para o futuro próximo, isso não é nada fácil. É um trato diário que damos em nossas defesas e que conquistamos dia a dia a cada passo dentro da intimidade a dois. Falar sobre a nossa vulnerabilidade, é como colocar adubo na terra para vitalizar e fortalecer as raízes para que elas cresçam mais.
… tu deixas de estar, estando e falta a presença. Quantas vezes, estamos de corpo em algum lugar, mas a cabeça e/ou o coração estão lá em Marte? Não basta preencher a cadeira vazia do outro lado da mesa no restaurante. Não basta ocupar o banco do lado direito do motorista. Não basta preencher a metade do guarda-roupa. Não basta ocupar o espaço vazio da cama. Não basta! O mundo está repleto de gente vazia de si e cheia de tanta coisa desnecessária, ninguém precisa de mais um espaço cheio de tudo e vazio de si. Ocupe-se do espaço presente com tudo o que você é de verdade e não só preencha, transborda!
O amor acaba, quando tu deixas de estar lá.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Dirty Boot Sand Messy Hair)
Acho que deixar de estar é indiferença e dói demais. ☹️
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é difícil sobreviver a isso .. 😦
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Difícil mesmo, mas não é impossível, vamos acreditar que passa.
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sim … há de passar 🙂
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