
Hoje, escrevo sobre o que sinto para me despedir de ti.
Não acho nada justo esse tipo de adeus silêncio na prática e tão barulhento na teoria, mas foi a opção que você me deixou, quando decidiu me deixar para trás dos seus planos, das suas ideias de futuro, dos seus dias de rotina. Você me arrancou da sua vida, como quem troca a TV da sala. Tem coisa que é difícil de engolir, digerir então, nem me fale!
Ninguém está pronto para acidentes assim. Considero um acidente, porque toda vez que reviro as nossas caixas, não acho razões boas o bastante para justificar a sua atitude. É como se eu não reconhecesse o homem que partilhou comigo tanta intimidade. Você saiu de surpresa, mas de tudo, o problema mesmo não é a decisão do outro de sair da vida da gente (até porque ninguém é dono de ninguém). O que machuca sem dó, é não ter o minimo de consideração de avisar… “Eu não estou mais feliz, preciso ir“, “Tchau, não me procure mais“, “Estou indo ali e não vou mais voltar“, qualquer coisa dessa já era melhor que o silêncio, o vaco, o nada.
Você tirou-me o direito de me despedir de forma apropriada. Tudo que começa merece um fim descente, se esse fim chega. O que tortura é nem ter tido um fim. Como você pode me dar um começo tão lindo, tantos meios perfeitos e imperfeitos e não ter tido a coragem de me dar um fim? Será que eu não mereci nem um fim?
A sensação de ser tão pouco foi a que ficou. De repente, todos os nossos momentos de vida juntos, pareceu ser um beijo na boca de um estranho no meio da balada, o cara ou você mesma some quando o dia seguinte chega e ali tá tudo bem. Porém, nós não. Nós tivemos beijos incontáveis, abraços curtos e longos, cafés da manhã, almoço e janta, encontros em família, com os amigos, dias e dias, meses e meses… Não dá para ser a mesma saída. Não dá!
O que machucou mais do que a tua saída e olha que ela me doeu, doeu tanto que senti meu coração cair do 19º andar, os meus joelhos irem de encontro ao chão frio daqui de casa, com todo o peso do meu corpo e da dor que eu tava sentido…. mas a tua indiferença, o descaso com o fim da nossa história, ah meu bem, isso me doeu dobrado e eu nem sabia que dava para doer tanto assim. Tanto assim!
Eu já ensaiei um milhão de fins que fosse melhor que esse que você nem me deu. Contudo, depois de tanto tentar escrever um fim melhor, percebi que eu não precisava de muito. Nunca precisei de muito (e você sabe disso). Eu só precisava que você me olhasse nos olhos e dissesse a verdade, mesma que ela me doesse igual, pois suponho que não ia ter jeito de não doer.
Eu só precisava da sua humanidade, da consideração, do cuidado de dizer um “adeus, amor!”, talvez um abraço apertado se tornasse a trilha sonora. Ou ao menos um ultimo olhar (a gente sempre se entendeu tão bem olho no olho). Eu não esbravejaria, sabe como detesto e nem sei fazer escândalos. Eu não te impediria, porque sabes também que eu não acredito em nada forçado e eu penso, que eu nem te questionaria, sempre respeitei as suas pausas e o seu tempo de me contar as coisas na sua medida. Talvez, no máximo, perdesse o controle das lágrimas (pois, quem é quem consegue controlá-las?), me entregaria inteira em um único beijo como da primeira vez, diria que eu te amo e
fim.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Dirtyboots Presents)
Acho que quando se têm mais de três desculpas diferentes para justificar o fim dói tanto quando o silêncio.
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doe pq nos nunca queremos o fim de algo que foi tão bom por tanto tempo .
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