cara a cara

Como me livrar da pressa de cruzar o oceano pacífico inteiro só para te beijar?

Óbvio, que o beijo será só o início. Sabes bem, que eu estou tomada por intenções censuráveis a praticar contigo.

Como perdoar a tua intromissão na minha caixa postal de e-mails do trabalho? O susto com a chamada de vídeo na tela do meu computador às 15h45 aqui, às 19h45 aí. Tu a espreitar a minha rotina, a aguçar as minhas fantasias. A fazer loucuras comigo em cima da mesa do escritório sem bagunçar os papéis, sem jogar tudo ao chão; tu “vir” sem que eu tirasse a tua camisa branca. Que desperdício imperdoável!

O quanto odeio essa realidade virtual, não tá nem escrito? Depois de te assistir sem te tocar, de te desejar profundamente tanto quando queria que a energia acabasse e te desligasse da minha frente, foi uma tortura cruel que eu não merecia passar. Há de ter algum limite a ser aplicado a toda essa parafernália eletrônica!

Como ignorar a força da atração pelo que não está aqui? Como controlar a necessidade do corpo que não encontra o que o completa?

Já são 04:11 da manhã e eu não consigo me desconectar de ti, mesmo com o notebook desligado no escritório, no andar de baixo; o telefone em modo avião em cima do criado mudo; as bitucas dos cigarros apagados no cinzeiro na varando do meu quarto.

Hoje mesmo embarco no primeiro voo que estiver disponível. Tu há de me pagar tudo o que me fez ver e sentir pela tela, porém, cara a cara.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Tripaholics )

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