
Foi no primeiro ou segundo passo descontraído de uma dança aleatória, no meio de um grupo de mulheres desconhecidas, em um teatro antigo em Botafogo, que eu percebi o quanto dói em mim ser eu.
O quanto meu corpo se contraiu de dor ao ter que soltar pequenos movimentos em favor de um ritmo onde tudo o que precisava era da liberdade da alma.
Foi desconfortável me permitir ser guiada em passos de dança e tentar de algum modo estar presente naqueles instantes e não porque o lugar não era bom ou as pessoas e o clima estava ruim, mas porque o meu corpo guiado pelos meus padrões e traumas não me permitia ser humanamente livre de verdade.
Foi triste perceber que o canto daquela sala era o meu lugar mais confortável, que o recuar daqueles olhares, gestos e presenças era o mais seguro, do que estar no meio, presente e vivendo cada minuto valioso daquelas vibrações e melodias.
No fundo, eu só queria ser capaz de chorar as lágrimas presas dentro dos meus olhos, falar todas as palavras engasgadas na minha garganta, arrancar todos os curativos mal feitos sobre as feridas e tratá-las até que fossem saradas, sorrir todos os risos que minha feição rígida não permitiu, abraçar e me permitir receber todos os abraços que estavam ali pra mim.
Soltar essa mochila com umas muitas toneladas no chão, com tantas coisas que não fazem mais nem sentido eu carregar. E correr, pular, balançar ou me permitir aconchegar sem pressa pelo amanhã.
Agora, aqui, deitada com os meus pensamentos de quando será possível de fato ser livre, a angústia aperta o meu peito, o medo bate à minha porta e eu temo ser tarde demais para que qualquer milagre possa acontecer.
Viver assim, certamente não é viver.
[relatos da primeira experiência com a Biodança; aproximadamente um ano atrás]
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / La La Loving)
Tenho vontade de fazer biodança , dizem que é libertador.
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É uma experiência unica.. Eu li bastante antes e encontrei um grupo muito amoroso … mas o começo é um desafio (pelo menos pra mim, foi muito desconfortável) .. rs // Mas eu recomendo … acho que mesmo que a titulo de curiosidade, vale a espreitada sabe .. é lindo o trabalho que é feito olho no olho
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