
Ficar com você seria ter o maior amor do mundo e ainda assim não ser completo. Estar no lugar mais seguro do mundo e ainda assim sentir medo. Viver a vida de forma sincera, mas nunca inteira.
Hoje sei, pois hoje eu estive com a versão de você sem a intensidade, sem a paixão, sem o cuidado com as palavras e ações. Eu vi você nu de uma forma que nunca antes eu tinha sido capaz de ver, pois antes eu estava vendada pelo amor que acreditei que era o amor maior do mundo, o único que poderia ou que eu queria que fosse possível para a minha vida.
Hoje eu também era outra eu. Uma eu sem tantas expectativas, cobranças e questionamentos, sobretudo, hoje eu era uma eu sem palavras. E talvez, esta tenha sido a única vez que eu estive assim, com tanto para dizer, mas sem palavras para descrever o que nem sei se de fato precisava ser dito.
Decerto, seja isso o que acontece quando se sente algo tão profundo e acreditamos com todo o coração que isso pode ser a coisa mais verdadeira pra si mesmo no mundo e então, em um dia de acaso, calmamente, com a preguiça de uma manhã de sexta-feira de cinzas, deitados naquele velho sofá, com aquele velho edredom, envolvidos por uma familiaridade natural de quem já se conhece sabe se lá de quantas idas e vindas, que finalmente descobrimos que somos só uma outra intervenção da vida.
As palavras se dissolvem como se sequer um dia houvessem existido. A verdade é tão clara quanto a luz do sol, o sentimento ainda recorrente como uma cocheira que deságua. Agora, deságua em um lago tranquilo, profundo, claro e doce e não mais em um oceano revolto. O fim, finalmente faz algum sentido; aquele mesmo fim tão árduo, tão duro, tão cruel deixa de sangrar.
Eu sei que a parte de mim que é você nunca vai me deixar. Entretanto, sinto que ela se permitiu silenciar, se aquietar e aceitar que você foi quem tinha que ser na minha vida, para hoje eu ser quem eu sou para a vida.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Dirty Boots and Messy Hair)