
Tenho fome de vida. Estou faminta de você.
Se te leio, as tuas palavras me embriagam, me entorpecem, me fazem salivar.
Teu desejo pelo perigo que eu sou me desafia, me excita, me encharca.
Vasculho o universo que tenho acesso em busca de ti, como um miserável que busca abrigo pelas ruas da cidade na madrugada fria e vazia.
Tenho urgências da tua voz sussurrando as tuas intenções ao pé do meu ouvido, do arranhar da tua barba grossa na pele, da tua boca na minha… Do passear dos meus dedos pelo teu cabelo que descem pela tua nuca teu pescoço e arranham o teu peito. Tenho urgência das tuas mãos desbravando o meu corpo coberto, procurando por brechas para invadir a pele quente… Dos teus braços firmes ao meu contorno, do teu tronco pesado, todo, por cima do meu…
Me sinto dependente de uma droga que sequer provei. Pode ser possível se tornar um viciado só com a ideia que faço de ti? Já estou morrendo de abstinência do teu amor ou do teu orgasmo ou de ambos.
Tenho pressa de te vê como quem tem pressa que esse ano acabe; entretanto, o tic-tac todo dia, ironicamente se senta e conta-me carneiros para ver se eu durmo. Não durmo, óbvio! Como dormir latejando desse jeito? E se dou um jeito, tu me perturbas os sonhos. E é sempre uma perturbação ainda maior, quando acordo e não te encontro ao lado (realidade filha da puta, essa minha!).
Sonho com o teu corpo nu como quem sonha em ficar milionário com um bilhete premiado. Quanta tolice é crer que seis números aleatórios em um pedaço de papel podem valer tanto. Mas às vezes vale e esfrega na cara da razão as suas insanidades. Eu quero que você se esfregue, me encurrale, me der palmadas caprichadas, arrebente o meu orgulho e me prove que meu senso de realidade não tem razão nenhuma.
Aliás, foda-se a razão! Quando se trate de ti, eu não quero ter razão. Quero ser a tua razão. Suficiente. Ardente. Urgente. Para que não hesites à cumprir o que me prometes.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Dirty Boots and Messy Hair)