
“O que é morrer?” eu questionava em outra madrugada de muitas em que perdi o sono e todo o resto. Perdi as contas de quantas noites vaguei por aí, sem sair da cama com todas as duvidas e cobranças que me perseguiam. Às vezes, parecia que eu estava correndo uma maratona que nunca chegava ao fim. Estava exausta!
Morrer, no literal, diz a ciência que é a falência total dos órgãos. Checo o meu pulso com o dedo indicador e a minha respiração, aproximando o dorso da mão ao nariz. O coração está batendo e ainda estou respirando, por mais que eu não sinta o ar nos pulmões, mas evidências lógicas provam que estou viva. Mas por que tal sensação? Vai ver, é possível morrer, sem morrer literalmente, e percebo que tudo que é literal, é consequência do que não é. Primeiro se sente, depois torna real. Primeiro a dor, depois o fim (início).
Onde? Quando? Como? Com quem? Por quê? Tinha tanto à responder, mas como encontrar as respostas? Estaria eu preparada para elas? Daria conta de abrir a porta do quarto escuro e encarar o que quer que estivesse do outro lado? Teria eu coragem para ver, para entender e acolher o que quer que estivesse lá? Não sei, eu não tenho como saber.
Anos e anos com coisas abandonadas no limbo. Tentando viver e se adaptar a realidade. Ignorando-as e por consequência, privando-me do sentir o todo. Fazendo de conta, inúmeras vezes. Fui sempre tão conveniente, apesar do conveniente ser tão pouco, eu sabia e por vezes, isso me enojava. Sempre soube que algo faltava. Algo que eu não sabia o que era. Onde estava. Como encontrar. Porém, sabia que estava lá. Uma porta à atravessar.
Aquela porta poderia matar-me literalmente ou devolver-me a vida. Como saber qual dos dois riscos era mais provável de ser a verdade? A graça da vida são as perguntas e a tortura, é a busca pelas respostas.
Eu tenho ainda tantas respostas à encontrar.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Juxtapoz)