silêncio

Segunda-feira, já beira às 05h00 da manhã e eu me revirando na cama. O sol, eu sei, logo vai levantar a vida toda lá fora e eu torço com todo o coração, que ele me levante também.

Sinto falta do som das batidas do meu coração. Sinto falta da falta de ar nos pulmões quando eu corria sem regra alguma. Sinto falta do frio na pele sentindo o vento da manhã. Sinto falta de ver a vida acontecer e não perder um instante sequer dela. Sinto falta das lágrimas quentes e salgadas que escorriam pelo o meu rosto, quando a paz interior transcendia o meu peito. Saudade das minhas lágrimas…

Aqui só me restou o silêncio; até as palavras me faltam. Não há conexão apropriada para formas as frases dos pensamentos. Não há sons a serem ecoados pela minha garganta. E nada me assusta mais que o vazio. Quando as minhas palavras me faltam, não tenho mais nada, nada!

Hoje penso que há de chegar o dia que a vida voltará a pulsar de novo. Não serão quase’s, mas serão meios fortalecidos. Não serão risos envergonhados, mas gargalhadas altas à ouvir no vizinho. Não serão lagriminhas receosos, serão rios a jorrar pelos olhos. Não serão suspiros, serão gritos. Não serão palavras soltas desgovernadas ao vento, mas serão frases certeiras ao alvo. Não será mais a espera pelo o amor que diz que está a se organizar, mas será o amor que acontece aqui, agora, ao lado.

Acreditar tem sido como tubos de oxigênio que me mantém viva. Ah vida, com todas as feridas curadas e a alegria genuína há de chegar. Eu acredito. Eu preciso acreditar! Eu hei de ter fé o suficiente para manter os meus pulmões respirando até lá… até o dia que eles terão forças de novo para se virarem sozinhos, para me fazer andar sozinha. Me recuso a acabar assim. Pode haver fim mais triste do que o fim sem vida queimando por dentro? Suponho que não há.

Antes acabar vivendo os riscos e as suas consequências, do que a inércia e a impotência diante dos dias. No fim mesmo, o que paralisa é isso: a droga da impotência.

Já são 06:46, o sol já vem vindo, já percebo o primeiros raios querer atravessar as frestas da minha janela, a previsão de sensação térmica é de 23º graus e eu queria poder sentir 40º ou 0º ou os 23º, mas não sinto nada. O silêncio ainda me habita, me paralisa, me faz recuar.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Talyta Xavier)

2 comentários em “silêncio

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