
Ah se eu tivesse te planejado, meu amor, você não me escaparia as mãos tão fácil! E você sabe disso. Mas o que eu mais gosto em nós, é que eu não planejei você. Você simplesmente chegou. Do jeito que estava. Olhou para mim no meio daquela festa de casamento com a sua câmera na mão e houve vezes, que eu achei que você estava me fotografando e não os noivos.
A gente se quis de cara. Se fecho os olhos, ainda te percebo gravando cada movimento meu naquela noite. Ainda lembro da sua voz sacana me entregando o cartão para networking. Ah tá bom que era só networking com a assessora que você queria! Eu soube de cara as suas segundas, terceiras e quartas intenções e eu as quis todas. Mas óbvio que eu fiz um charme. Queria ver até onde você ia. E meu amor, você foi tão longe e me convencia com tanta facilidade a ir tão longe também, que eu iá e foda-se tudo.
Você fodia o meu psicológico tão bem quanto me fodia na cama. Deveria ser crime o que você fez comigo. Eu me apaixonei de cara. E acreditei de cara que você era apaixonado por mim também. Penso que o que alimenta a chama do amor é acreditar. A gente se acreditava em tudo e essa era a nossa força. Você sempre fez e por vezes ainda faz, eu me sentir forte, imbatível e maravilhosa. E é possível que seja sempre você essa minha fonte de crença que me move por nós.
Não lamento mais o que não fomos, porque não tivemos tempo ou coragem. Fomos o que fomos e por vezes, saber disso me basta. Só lamento a falta da certeza (que hoje é real) de que um dia ainda poderemos ser nós. A expectativa pelo o nosso futuro me encantava dia a dia, não me importava quando seria, mas eu cria que um dia seria. Entre uma pancada da vida aqui e outra lá, era a esperança por nós que me mantinha respirando.
Não lamento mais as circunstâncias que nos mantém distantes, muito mais que qualquer distância geográfica. Não é justo lamentar por razões que nos fazem felizes, ainda que essa felicidade não seja composta por nós dois juntos. Só lamento todas as minhas razões já não serem mais suficientes para me fazerem feliz, como um dia fizeram. É clichê dizer, mas só quando a consciência do que perdemos de verdade ilumina na mente, é que enxergarmos os buracos que ficam em nós pelo caminho. Você é um pedaço no meu peito que eu não consigo preencher.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Alfemminile)