
Você já não é mais real. Tudo o que sinto são sombras daquilo que vivemos e prometemos e isso não me basta mais. Uma hora ou outra tenho que te deixar ir de dentro de mim, como você se foi da minha vida. São escolhas. São sempre tuas escolhas quando decides vir e mais tuas ainda quando sempre decidis ir. Amo tuas chegadas e sofro miseravelmente com as tuas partidas. Não compreendo como tu consegues fazer tal feito, tão facilmente.
Sinto a tua falta todo dia. Por vezes, eu só quero o teu silêncio e o teu peito metido a travesseiro para me acolher. Quase sempre, tudo o que me falta é o teu colo, o teu cheiro, as tuas mãos fortes e firmes sob a minha pele. Quase sempre, tudo o que eu realmente preciso é da tua presença. Ninguém ocupa tão bem esse espaço no sofá, na cama, no meu peito como você. Há de se pensar que tu é o meu numero e eu soube desde a primeira vez que chegou e se acomodou tão bem.
Tem gente que nos faz sentir seguro. Eu passei tanto tempo com medo, que sentir tanta segurança contigo foi de tudo o melhor da nossa paz. Eu nem me lembrava o que era ter paz em um dia inteirinho. Ai vem tu e o teu jeito de concertar as coisas, de lidar com as questões, de colocar não só o celular no modo avião, mas também os problemas, as vozes, as campainhas, as minhas pressas. Tu a dose exata da calma que me falta.
Sinto saudade da paz de fazer tu o meu lar. Sinto saudade de ser eu a tua morada. Saudade do que bastava, mesmo eu e você com tantas faltas na nossa história. O amor quando certo, talvez seja isso, o bastar quando tudo falta. Você sempre me bastou quando aqui estavas. Nunca fomos perfeitos ou sempre curados de nossas loucuras, mas tínhamos um ao outro quando a tempestade chegava. E ter um ao outro com todos os nossos poréns, bastava.
Sinto, além de tudo, a falta de bastar. A sensação de ser insuficiente me atormenta desde o dia que eu soube que nós não poderíamos mais ser nós. São fatalidades da vida. Elas sempre existiram e sempre existirão e cabe ao povo a capacidade de move on , virar a página e vê o que mais há por aí à encontrar. Encontro de tudo. Nada me basta. Para nada eu basto. Eis aqui a maior das minhas angustias. Temo ser sempre essa incompletude existencial, em um mundo onde tudo parece ter um par e eu não tenho mais você.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Rock My Wedding)