Abraço os papéis para te abraçar. Deito-te nu em cima das palavras para me entregar. Devoro-te nos teus escritos para saciar-me por inteira. Leio-te vagarosamente para gozar em ti feito gente grande.
Procuro-te nos olhos de quem me vê. Tento sentir-te nas mãos de quem me deixas tocar. Provo boca a boca até encontrar o hálito preferido, o teu, eu sei que vai ser quando tu me devorar. Embriago-me com os orgasmos dos outros, até que tu chegues para me matar de overdose do teu prazer.
Deixo que me possuam até que você chegue e tome o que é teu. Não te quero para hoje, te quero para ontem e não entendo porque demoras tanto; porque permites que outros tantos tenham o que é teu. Mas se queres assim, quem sou eu para te questionar! Você está atrasado! E eu estou vivendo on time! Por enquanto, abuso e me deixo abusar até que tu venhas me amar e eu possa também amar.
Amar-te me sentenciou a solitária. Vingo-me com o corpo, já que sem ti, ele só me serve para silenciar a tua falta com o prazer.
Um dia hei de ser condenada a pena de morte por não ter amado quem me amava pois já amavas a tu e por isso, fazia do corpo um caminho de escape de ti ou de busca insaciável por ti. Não saberão ao certo.
Um dia enfrentarei os olhares julgadores de todos que acreditavam que eu era uma boa moça. Até sou, mas está não te bastou. Então sou o que você procura nas outras todas, até que me encontres de novo e quiçá assim, me queria de verdade. Um dia, vou ter que me encarar no espelho e enfrentar o meu próprio julgamento e ter de me condenar caso tudo isso não me valha um puto para ter-te por dentro.
Portanto, antes de mais nada e pelo amor de Deus, me valha ao menos um puto! Caso não, de certo que te enfiarei alguma coisa cortante no meio do teu peito. E depois no meu peito. Não sei se tenho o romantismo de matar sem querer como Romeu, mas sei que tenho grandes chances de morrer feito louco de culpa por ti, por mim, por nós feito ele.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Dirty Boots)
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