sigo na estrada à frente. tenho vontade chorar, mas não choro. carece-me lágrimas. tudo o que sobrou, não pesa como antes, mesmo tornando pesada a vida que espera-me a passos curtos.
não sei mais o que será. seja o que for, vai ser, eu querendo ou não. aprendi ou aceitei ou ambos, finalmente. me decepciona o sentimento de estar conformada. ei de considerar que para sobreviver melhor aquilo que rejeito, tenho que ir me conformando logo ou o possível.
aceitar, quando não se pode medir forças com os monstros. fazer as pazes com a tristeza antes que ela te consuma inteiro. aquele conselho dos mais velhos: “tenha sempre os inimigos à vista“. não que eu realmente ache que esse conselho seja a melhor saída, mas há de valer alguma coisa.
o amanhã vai chegar. eu querendo ou não. eu estando pronta para ele ou não. eu levantando com ele ou não. o amanhã vai chegar! talvez, só talvez, seja melhor que hoje. todavia, se não for, tenho que da uma jeito de resistir a ele.
resisto os dias na medida que sou capaz de suportá-los. assisto a vida parti diante dos meus olhos, mãos, pele, corpo inteiro. sinto uma saudade apertada dos dias felizes que nem sei se existiram de fato ou se eu os fantasiei com tanta convicção que parecem verdades. sinto mais saudade do que não existiu ainda, do que do que existiu. não há coerência nos sentimentos. não há justiça na realidade. ausenta-me a humildade para viver o paralelo de tudo isso. abandona-me as forças para ignorar tais pensamentos, ilusões, ideais.
estou, contudo, não existo. respiro, contudo, não sinto. sonho, contudo, não creio. há de haver fim mais mesquinho que este?
acabei, muito antes de começar. deixei partir, muito antes de insistir para ficar. fui embora, antes mesmo de chegar.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Taokkeen)
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