sozinha

volto a estar só

apesar disso, ainda ontem eu estava entre os teus braços. eis aqui um fato incontestável: os teus braços guardam-me tão bem!

contudo, não são só as lembranças dos teus braços que me pesa a consciência agora. tudo o que diz respeito a você está pesando. todas as tuas verdades. todas as tuas circunstâncias. todas as tuas ausências. todas as tuas promessas.

ainda ontem eu procurei por segurança nos teus olhos. não achei. não consigo crer-te como antes. por mais que fosse tudo o que eu realmente queria. mais do que querer o teu corpo. mais do que querer a tua voz. mais do que querer o teu calor. mais do que querer o teu cheiro. mais do que querer as tuas mãos tocando-me toda. eu só queria ser capaz de crer em ti. crer em nós, como um dia eu cri.

talvez, este seja o tal sinal que pedi aos céus. um sinal que trouxesse justiça aos nossos dias. não há mais justiça entre nós. cada passo que damos é como se estivermos a caminhar em um piso de gelo fino prestes a romper. eu não posso mais fazer de conta que não dói. que pra mim está tudo bem do jeito que estamos levando nossos dias. pois minto. eu minto todos os dias sobre a nossa felicidade, sobre as nossas verdades, sobre o prazer.

caminho pelos cômodos procurando uma saída. uma saída de nós. ou uma saída para escaparmos do fim. não encontro. até que percebo que já estamos no fim. caio de joelhos no meio da sala e choro descontroladamente. tu dormes. tu deixas como está.

a madrugada esconde os meus segredos e guarda as minhas dores. tenho tanto medo de ficar sem ti. mas tenho tanto medo de morrer assim: vivendo dias de amor que me roubam a paz.

nunca meu. nunca aqui. nunca só nosso. nunca além dos escombros que nos escondem da vida de verdade. sempre vou inteira para teu colo. sempre volto sem nada, inclusive, sem a minha dignidade. quase te odeio por isso. merda! amo-te tanto que não posso odiar.

no mais, eu vivo os dias de verdade sem você. convenço as pessoas todas que estou bem; que me viro; que sou feliz. quando na verdade eu tenho saudades.

saudades de quando nós éramos esperança de futuro. saudades de quando eu tinha pressa que você chegasse. saudades de quando eu podia pensar em você sem culpa.

a culpa mata mais que bala perdida. a culpa está correndo-me por dentro, em silêncio. está me matando como um câncer maligno e tu não faz nada. então farei eu.

eu não vou morrer por você.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / MagnoliaRouge)

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