
Só tinha um jeito de seguir em frente sem ti sem deixar-me para trás também: foi levando o nosso melhor na bagagem.
Apesar de tudo que cortou o meu coração aos pedaços, eu precisei (re)aprender a te amar com mais cuidado. Atravessar entre os nossos cacos, escolher o melhor entre os nossos destroços para que eu não me perdesse completamente de mim mesma.
Entendi que amar-te assim, falava muito mais sobre quem eu era, tinha sido e viria a ser, do que sobre você.
Compreendi, que te perdoar mesmo sendo você a minha maior decepção, significava perdoar-me também. Porque ao te amar daquela maneira e por tanto tempo, fazia com que eu mesma sujeitasse-me as tuas piores partes e intenções, a espera, as fraquezas, a erros irremediáveis, ao vazio de dias inteiros sem você na minha vida, mas contigo agarrado nas minhas vísceras.
Te perdoei, para continuar aprendendo amar um pouco mais, para seguir em paz.
Decidi não abandonar o amor quando eu parti, mesmo deixando-te no único lugar que hoje lhe cabe na minha história – em dias do passado.
Fiquei tanto tempo apegada aos planos que eram para nós e não só por mim, que quase me abandonei por completo quando você me abandonou. Dentre todas as estranhezas desse amor, o que eu mais temi foi me perder no caminho. Contudo, perdendo-te no meio, perdendo-me um pouco mais a frente, sozinha, pude descobrir pontes, tuneis, trilhas que me levassem para lugares novos, pessoas novas, planos maiores.
Senti tanta a tua falta. Senti tanto pavor de nunca mais saber viver desacompanhada. Senti tanto medo de nunca mais achar um caminho de volta à mim mesma, que percebi que o nunca é absolutamente o sempre. Sempre haverá medo. Sempre haverá outros caminhos. Sempre haverá saudade, enquanto houver um tanto de solidão e está tudo bem!
Carrego você nos pedaços meus que marcastes com o teu jeito, o teu riso, o teu olhar atrevido que me despia o corpo até a alma. Tenho nossos melhores dias em álbuns guardados na minha mente como uma prova de que eu posso me apaixonar, cuidar, tocar… independente de quem, de reciprocidade. O nosso melhor são provas de dias que podem ser felizes, apesar do caos ao redor. O amor que foi seu e continua sendo meu é esperança, é alento, é inspiração, são estes versos, é fogo que ainda queima e aquecem o meu coração.
Sigo sem ti, todavia, amando. Amo a vida. Amo as paixões que apimentam algumas das minhas estações. Amo saber que aprendi a amar. Amo não ter desistido do amor apesar do sofrimento. Amo você, por todas as flores e por todas os dores que fortalecem-me dia após dia.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Erika Greene)