
… perdoa-me se não falo baixo, mas se não grito, morro! E a verdade é que eu morri e nos matei infinitas vezes, todas as quais eu empurrei goela a baixo coisas que você precisava ouvir de mim e por medos (talvez, de te perder ou de não te perder), tudo foi silenciado meticulosamente. Bem verdade, tu sabes, eu sou muito boa em silenciar.
Perdoa-me por todo o silêncio cretino, ensurdecedor, frio e calculista. Por muito, eu não sabia como fazer diferente e muitas vezes tudo o que falta seja para não morremos ou não nos perdermos, é quebrar o puto do silêncio, berrar todas as letras engasgadas e vê o que acontece. Eu deixei de acontecer vezes demais por medo do que tais palavras poderiam reverberar em nós, por nós e principalmente, além de nós.
Logo eu, amante das palavras, morrendo dia após dia engasgada por elas. Perdoa-me, se em tantas vezes tudo o que eu precisava dizer era que eu ficaria. No fundo, eu prefiro crer que eu queria mesmo ficar, mesmo que eu não tenho dito e tão pouco ficado. Aqui também lembro-me, tu nunca me pediu para ficar. Acho que no fim estamos quites. Você também silenciou as palavras que eu queria ouvir ou simplesmente, nunca pensou em alguma delas.
Perdoa-me, se não te deixei falar. Ou se esperei demais que você falasse coisas que eu queria ouvir, fizesse as coisas que eu sonhara um dia pra mim. Por mais conscientes que somos, a infame da expectativa estraga tudo. Perdoa-me se esperei demais de você. Sobretudo, perdoa-me, se eu não fui tudo o que você esperou de mim.
Perdoa-me se te amei de forma insana, infantil e possessiva. Agora que estou aqui refletindo sobre isso, percebo que pouco sei sobre o amor ou se amei e se fui amada de fato. Há vezes, que tudo o que queremos é ter – cremos que amamos por pura vaidade. Penso que no fundo, nós queríamos a posse um do outro e não o encantar apesar de tudo.
Pesamos, quando o Tudo teve mais importância, do que as razões para estarmos juntos. Perdoa-me, por ter desistido. Até mesmo nesse instante, que procuro palavras para te pedir perdão e desisto de nós mais uma vez. Talvez, não seja mesmo amor, mas se for, perdoa-me se te amo desse jeito.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Dirty Boots and Mess Hair )