
“Como será que sabemos que acabou?” questiono me enquanto preparo o café quase seis da manhã de mais uma madrugada que não dormi. E mesmo agora, tão cedo, as preocupações paralisam a minha capacidade de relaxar e descansar.
A necessidade de encontrar soluções – uma única saída sequer, impedem-me de seguir adiante; de virar ainda que seja só a próxima esquerda. Sinto o peso dos meus problemas acumulados nos últimos anos como correntes e bolas de ferro atadas no meu calcanhar. Ainda que eu coloque toda a força para mover-me, só consigo caminhar entre um cômodo e outro.
Olho para trás e vejo o caos. Olho para frente e não vejo nada. Estou no meio, entre o caos e o nada. Arruinada. Exausta. Sem bons planos. Considero ser essa a maneira de saber que acabou: quando plano nenhum serve; quando força alguma da conta; quando as portas todas se fecham e mesmo as que se abrem – você não consegue atravessá-las.
Sinto-me como um bote perdido no meio do oceano. Tudo ao redor são águas profundas. Não a visto terra ao fim do horizonte. Só eu com eu a sobreviver um dia por vez – todos os dias. Esperando pelo milagre. Até que aceito o que já compreendi: este é o fim.
O fim, quando todas as palavras se tornam desnecessárias; quando todos os planos são inúteis; quando não há uma mão estendida para te segurar; e mesmo quando elas surgem, nem você mesmo consegue estender as mãos para se segurar.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / We Heart it)