
não há palavras. nunca haverá palavras suficientes para explicar as coisas que são indizíveis. coisas que estão embargadas entre o pulmão e a linguá.
transpiro um tipo de ressentimento. o meu organismo está completamente intolerante à tudo isso. mesmo que me esforce com todo o meu querer, sou incapaz de evitar o desapontamento de quem sou por dentro, com quem sou por fora.
quantas vidas se pode ser em uma única vida? quantos fins terei de atravessar para silenciar o fim? quantas lagrimas mais confessarão o inconfessável?
não tenho tais respostas e não tê-las, corta os meus pedaços. quebra os meus ossos. retira o oxigênio no meu peito. por outro lado, confesso, há um certo tipo de alivio em não saber tais respostas, em algum canto entre o meu estômago e o meu útero, onde há casulos de borboletas que não voam mais, mas estão lá processando ou ignorando o processo. afinal, algumas respostas matam mais que bala perdida. mais que casulos ocos.
ultimamente, tenho me sentido cardíaca (segundo o Google, dores fortes no centro do tórax pode ser principio de ataque cardíaco) ou só estou, incrivelmente, pessimista! penso, que ambas as coisas causam essa sensação de quase morte.
há tantas maneiras tolas de morrer! há uma certa arrogância da vida em provar o quanto somos vulneráveis a praticamente, tudo. há também uma urgência de encontrar as palavras que justifiquem, o que no fundo são coisas que ainda que sejam justificadas, jamais serão perdoadas. (perca de tempo!)
sometimes,
a tentativa é uma completa perda de tudo.
Por: Francielle Santos
(Foto: Reprodução / Sarah Sommers)