uma quase retrospectiva 2020

… e depois que o caos se instala, que o poço em que estamos caído em posição fetal parece ser mais fundo do que imaginávamos, quando a saudade de nós mesmo nos aperta mais do que a saudade de outro alguém, quando a fome e sede de vida parece ser insaciável, é que nos damos conta do quão pequenos somos e do quão basta o essencial.

é outra de quase todas as madrugadas deste ano que passei em claro, mais uma noite sem dormir, mais algumas horas de agonia, silêncio, preocupações que sambam na minha porta. todos dormem, os meus pais, os vizinhos, e eu, eu os invejo descaradamente. acendo um ou dois cigarros (nem sei ao certo porque os tenho em casa – coisas de 2020 que ainda não tenho explicações do surgimento). procuro respostas, soluções, saídas…

o céu é ainda mais encantador e misterioso a essas horas. às vezes, brevemente, sinto me lisonjeada em contemplar as mudanças nos tons de azul escuro que ele vai se vestindo, mesmo quando está tão nublado quanto hoje, que ainda chove, fraco, contudo, chove.

também estou mais sensível que os demais dias, ou ao menos, menos resistente. eu que evitei ver as notícias esse ano para não sofrer ainda mais com tanta coisa ruim na televisão, assisti a retrospectiva. chorei. chorei como uma barragem que se rompeu depois de tanto tempo segurando as águas da represa. QUE ANO!!! (e me recuso a comentar mais que isso)

falta só dois dias para este ano que eu escrevi, um ano antes, que seria o ano da minha virada de vida. Vinte Cinco Anos! (eu tinha muita expectativa, podem me julgar. mas quem não tinha?) depois de um ano como esse, me dei conta de que tudo não passa de números, números, números…

no fim, o que resta é tudo o que verdadeiramente importa: sobrevivi! não só a pandemia e todos os seus efeitos. não só aos planos engavetados. não só as coisas que não deram certo, que não aconteceram, não só as crises de ansiedade e os efeitos colaterais no meu organismo, mas sobrevivi com muito esforço a vontade persistente de pular … ou exagerar, passivamente, nas doses de remédios (uma conversa para outro dia, ainda não estou pronta para tanta exposição).

hoje, o meu sonho é de uma noite inteirinha de sono, daquelas que as pessoas costumam comparar como “dorme feito um anjo”.

que 2021 me traga as noites de sono em paz que não dormi nesse ano. amém!

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Pinterest)

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