o meu chão

eu fiz de ti um lugar seguro para caminhar. um tipo de chão, de firmamento, de abrigo. eu, justamente eu, que tanto assegurei independência, solitude, liberdade, tornei-te minha fonte de força, segurança, guarida.

tem gente que chega e modifica os critérios, sem querer. tem gente que reorganiza as prioridades, sem perceber. tem gente que se torna lugar que dá vontade de morar pra sempre. eu moraria em você pra sempre!

não sinto só saudades do nosso comum, aquele tipo de coisa que todo mundo faz e todo mundo sabe que é bom. sinto uma falta absurda dos nossos detalhes, das coisas que só eram nossas, que só podiam ser de nós. das impressões minhas de ti, que só eu poderiam notar. das marcas na minha pele, que só você reparou e etc, e etc… penso, que são justamente os etc’s que tornam um casal comum, em um casal único.

tu, que é a parte mais bonita dos meus últimos anos. e talvez, só talvez… seja a parte mais bonita da minha vida toda. quantas vidas tenho que viver sem você a partir de hoje até que você me encontre de novo?

no fundo, mesmo quando fomos uma dor insuportável de fim, eu sabia: era você. sempre foi você. e sempre será você. quem me quiser precisa saber, precisa estar pronto para me perder caso você bata na minha porta.

tem sido assim, uma busca incansável por teus olhos cor de mar, nos olhos de outros. por tuas mãos grandes e firmes, nas mãos de outros. por teu calor de fogo a lenha, no calor de outros. às vezes, encontro uma certa semelhança e fecho os olhos. mas basta um segundo de desconcentração e dói. dói saber que ainda não é você.

Por: Francielle Santos

(Foto: Reprodução / Northern Native Photography)