
são três da manhã. o céu está nublado. o silêncio do quarto me ensurdece.
há pouco levantei para fazer um chá. alecrim, erva cidreira, hortelã e mel. mas nada me aquieta.
há meses entre um amanhecer e anoitecer eu assisto a vida passar pela janela. não é nada romântico ou poético que possa um dia ser música, é apenas o viver como dá pra viver hoje.
esses dias tive uma sensação de morte. tão real que senti os cheiro das flores do cemitério. pensei que estava alucinando, mas na verdade estava sóbria, acordada demais para colocar desculpas em qualquer outra coisa. (ainda não sei o que foi pior!)
lembrei da única pessoa com quem eu tive coragem de contar o que planejava. e ela só me disse “antes de qualquer viagem definitiva, prometa que virá me ver!”. prometi! mas…
confesso que fiquei chocada! como podias reagir tão friamente assim? de repente, dei-me conta do quanto aquilo me atingiu em cheio, bem no meio das costas como um chute de alguém com o dobro do meu tamanho. eu queria a insistência. mas quem pode insistir pela minha vida se não eu mesma?
fiquei no chão!
assumir as consequências, eis a questão!
Por: Francielle Santos
(Foto: East Coast)