ao infinito e além

lembra de quando estávamos perto do fim? eu estava na cozinha, apoiada na pia buscando forças para permanecer de pé. tentava engolir um pouco de água que não descia, a minha garganta estava fechada. as lágrimas corriam silenciosas queimando a minha pele. o nosso lar ecoava o nosso vazio. eu já não tinha mais nada para dizer e você também não tinha. [há sempre uma eternidade no silêncio] escutava os teus passos dando voltas na sala, até que senti os teus braços me contornando por trás. o teu rosto se aterrando nos meus cabelos soltos. a tua respiração ofegante chamando-me para mais perto. senti o aperto do nosso coração naquele abraço apertado. não fugi. eu tinha sensação de que qualquer movimento equivocado poderia nos quebrar de um jeito que não teria mais volta. e naquele momento, eu não estava disposta por nada nessa vida, correr aquele risco. segurei-me nos teus braços. agarrei-me outra vez na tua força, para me manter ali, forte também. por ora, bastava estar. estar contigo. estar em casa. [há sempre um lar no calor de um abraço] senti uma saudade absurda da cor dos teus olhos tons de mar. precisava vê-los. sem sair de dentro daquele abraço, virei-me. contudo, você não mais olhou-me nos olhos. lembro de beijar as tuas pálpebras, caminhar com os dedos pelo o teu rosto até a sua barba por fazer (e eu amava cada detalhe do teu rosto, eu amava intensamente cada pedacinho de ti). procurei respostas ou ao menos um pouco de paz no teu beijo, e só encontrei desassossego. as peles tinham urgência. o coração, queria calma. como se precisasse de mais tempo para se despedir. [há sempre mais um infinito a ser descoberto no meio do amor] a precisão das tuas mãos ao colocar-me em cima da mesa, desabotoando a minha camisa, o meu sutiã… a pressão das minhas unhas riscando os teus braços, as tuas costas… entregar-me era o que restara. e me entreguei, como se assim, dando tudo, até o que parecia que eu não tinha mais, nos trouxesse à vida de novo. [há amores finitos dentro do infinito] não trouxe. mesmo que até depois do fim, eu ainda te ame.

Por: Francielle Santos

(Foto: Catraca Livre)

9 comentários em “ao infinito e além

      1. Acreditaria se dissesse; que estou relaxando meu corpo sobre uma cama de casal, tomando um vinho que comprei para relaxar ?

        E por fim esperando o sono, para mas um dia de serviço.

        Enquanto isto, vi seus comentários no e-mail, e acabei lendo seus textos.

        Tenha uma ótima noite querida.

        Curtido por 1 pessoa

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