um ano que reescrevo me ou tento não desistir

… eu não lembro quando escrevi a primeira frase, primeiro verso, parágrafo, texto inteiro que carregaram pedaços do meu coração. sequer tenho os cadernos da escola da minha infância e faculdade, onde, entre um exercício e outro, uma pequena pixação nas últimas folhas e nas capas era um respiro. quase não tenho memória das questões que inquietaram tais rabiscos. não lembro a data da primeira tentativa de expor o que quer fosse, logo eu, sempre tentando esconder tudo. também, já perdi as contas de quantos blogs/sites foram criados e deletados pouco depois (o medo do olhar do outro nas nossas feridas, manchas… é assustador!). é impossível contabilizar quantas vezes nesse último ano, eu quis muito, deletar tudo isso aqui – o plano era egoísta, suicida até, era só a necessidade absurda de tentar existir depois do fim. o fim não veio (covardia ou coragem? misericórdia? resistência? o silêncio, as dúvidas, o vazio lotado, encharcado, sufocado… não sei.) eu sei que chorei, não dormi quase nenhuma noite inteira, gritei sem emitir um único som, deletei coisas explícitas demais, contei histórias, algumas totalmente minhas, outras, retalhos de histórias da vida que acontece por aí, não quis ver pessoas, quis desesperadamente abraços apertados em manhãs frias, eu quis escrever mais e não podia, eu quis resetar a vida e não podia, eu quis esquecer pra tentar coisas novas, eu quis lembrar tudo pra escrever de novo, eu quis, eu quis, eu quis …

faz um ano que reescrevo-me ou tento não desistir. ainda estou aqui ausente no mundo, ausente em mim.

Por: Francielle Santos

Ps.: aproveito para agradecer quem me leu durante esse um ano, quem esteve presente em likes, comentários e e-mails.

(Foto: aphoxtic)